Ruy Goiaba: Parole, parole, parole
Na nova edição da Crusoé, que foi ao ar nesta sexta (18), Ruy Goiaba (foto) escreve sobre a compra do Wordle pelo New York Times e a decisão do jornal americano de excluir desse jogo de internet o que chamou de "palavras insensíveis", como "slave" ("escravo")...
Na nova edição da Crusoé, que foi ao ar nesta sexta (18), Ruy Goiaba (foto) escreve sobre a compra do Wordle pelo New York Times e a decisão do jornal americano de excluir desse jogo de internet o que chamou de “palavras insensíveis”, como “slave” (“escravo”).
“‘Slave’ descreve uma situação degradante que ocorreu ao longo de toda a história da humanidade e acontece ainda hoje; o termo em si não é ofensa de cunho racial, já que houve escravidão dos mais variados tipos de povos (a palavra deriva de “eslavo”; surgiu, segundo o dicionário Merriam-Webster, ‘da frequente escravização dos eslavos na Europa Central durante o início da Idade Média’). E escondê-lo no Wordle não vai mudar em um milímetro a situação dos escravizados no mundo — embora talvez aplaque a consciência culpada dos leitores do NYT, que continuarão comprando roupas e eletrônicos produzidos por gente semiescravizada em alguma sweatshop asiática.
Nem vou falar aqui em George Orwell, novilíngua etc.: no fundo, isso é acreditar que a supressão de uma palavra possa resultar, magicamente, em alguma espécie de eliminação da coisa ruim que ela nomeia. O NYT parece a sua tia-avó dizendo ‘o que os olhos não veem, o coração não sente’, e você não pagaria 8 dólares por mês para ouvir a filosofia da sua tia-avó — e sem ganhar em troca aqueles Tupperwares cheios de comida, o que é pior.”
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