Jerônimo Teixeira na Crusoé: “Não, Roger Waters não é nazista”
Eu já assisti a um show de Roger Waters. Foi no outrora glorioso estádio Olímpico, do Grêmio, em 2002. Não foi um show ruim, mas tampouco foi memorável. Só consigo...
Eu já assisti a um show de Roger Waters. Foi no outrora glorioso estádio Olímpico, do Grêmio, em 2002. Não foi um show ruim, mas tampouco foi memorável. Só consigo me lembrar de uma música que ouvi naquela noite: Set the Controls for the Heart of the Sun, do segundo disco do Pink Floyd.
Na adolescência, eu era um fã inflamado do Pink Floyd. Tinha todos os discos e gostava até do lamentoso e lamentável The Final Cut, que deveria ter sido o último disco da banda (não foi: o Pink Floyd voltaria a gravar discos e fazer shows, sem Waters, que até hoje destila rancor pelos antigos companheiros de palco e estúdio). Era de se esperar que eu entrasse em um transe nostálgico ao ouvir o principal letrista da banda tocando canções antigas. Mas não.
O show passou em branco não só pela minha memória afetiva, mas também pelo noticiário político. Waters ainda fazia música e não só proselitismo. Em Porto Alegre, ele não apareceu em cena com casacão preto à moda Gestapo e metralhadora na mão (se tivesse feito isso, eu provavelmente teria uma segunda memória do show…). Teve a má ideia de fazer isso no mês passado, em Berlim, onde imitações farsescas dos agentes de Himmler fazem soar todos os alarmes, por óbvias razões. A política alemã investiga Waters por essa performance, que teria glorificado o nazismo e incitado o ódio.
No Brasil, onde shows do músico inglês estão programados para outubro e novembro, os censores já estão na ponta dos cascos. O advogado Ary Bergher, vice-presidente da Confederação Israelita do Brasil (Conib) e presidente do Instituto Memorial do Holocausto, solicitou ao Ministério da Justiça que os shows de Waters sejam proibidos. O Globo noticiou que o ministro da Justiça, em conversa com Luiz Fux, teria dito que a Polícia Federal colocará o ex-Pink Floyd em cana se ele repetir no Brasil o esquete sobre fascismo que tanto barulho causou na Alemanha. No Twitter, Flávio Dino esclareceu (sem se referir à suposta conversa com Fux) que a lei brasileira não admite censura prévia. Mas citou a lei brasileira que proíbe a ostentação da suástica.
Nos limites dessa lei, Waters está…
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