Jerônimo Teixeira na Crusoé: “Em defesa das canções simples”
Gosto de muitas canções suas, mas nunca fui um fã – nem dele, nem de sua famosa banda. Foi minha mulher que insistiu para irmos ao show, acrescentando mais um item à inesgotável lista de experiências maravilhosas que só tive porque vivo ao lado dela...
Gosto de muitas canções suas, mas nunca fui um fã – nem dele, nem de sua famosa banda. Foi minha mulher que insistiu para irmos ao show, acrescentando mais um item à inesgotável lista de experiências maravilhosas que só tive porque vivo ao lado dela: uma filha, um filho, seis gatos (três já se foram…), veraneios em Pântano do Sul, duas viagens à Celanova (cidadezinha da Galícia onde minha mulher tem parentes e onde há um belíssimo mosteiro barroco) e agora um show de Paul McCartney.
O ex-Beatle já era mencionado no subtítulo e, mesmo que não fosse, seria fácil de adivinhar. Mas não adiei a revelação do nome para criar falso mistério: quis, antes, demonstrar reverência ao autor de parte considerável da trilha sonora do século 20. Também no show a presença do astro octogenário no palco foi antecipada por um vídeo que revisava, em fotos e trechos de músicas, seu longo currículo, dos Quarrymen aos Beatles ao Wings à carreira solo.
Em duas horas e meia, Paul nos presenteou com uma seleção de suas mais belas criações, da inevitável e irresistível Get Back à menos conhecida mas deliciosa Come On to Me. Live and Let Die foi sonora e visualmente avassaladora. Minha reticência em relação a duetos com gente morta foi vencida no bis, quando Paul cantou I’ve Got a Feeling com John Lennon no telão. E me entreguei ao momento catártico (que o estagirita me perdoe o uso frouxo da palavra!) que é cantar, com a multidão, o “na, na, na” de Hey Jude.
A maior emoção da noite veio, de forma imprevista, com uma canção dos Beatles que nunca havia me tocado dessa forma antes: Something. Paul homenageava o companheiro de banda George Harrison, autor da música, que morreu de câncer em 2001. Imagens do mais riponga dos Beatles em sua juventude tomaram o fundo do palco. Aquela guitarra plangente, aquelas fotos em preto e branco botam a gente comovido como o diabo.
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