Celulares estão destruindo a infância; veja como reverter
Em novo livro, o renomado psicólogo social Jonathan Haidt aponta caminhos contra os malefícios dos smartphones para crianças e jovens
Nos últimos anos, a relação das crianças e adolescentes com a tecnologia sofreu uma revolução silenciosa, mas suas consequências ecoam de forma alarmante. Jonathan Haidt, um dos maiores especialistas em psicologia social da atualidade, alerta: “o excesso de tempo em dispositivos móveis está destruindo a infância”.
Haidt fornece insights e soluções valiosas provenientes de seu novo livro, “The Anxious Generation: How the Great Rewiring of Childhood Is Causing an Epidemic of Mental Illness”, ainda não lançado no Brasil. O livro foi descrito pelo New York Times Book Review como “erudito, envolvente, combativo, militante” e pelo Wall Street Journal como um texto que revela “com lucidez o verdadeiro horror” do colapso da infância.
Desde a privação de sono e fragmentação da atenção até o vício, solidão, contágio social, comparações sociais e perfeccionismo, Haidt descreve como as redes sociais atingem mais as meninas do que os meninos e por que os meninos estão se afastando do mundo real para o virtual, com consequências desastrosas para si mesmos, suas famílias e suas sociedades.
O início dos anos 2010 viu uma deterioração acentuada da saúde mental dos jovens, com as taxas de depressão, ansiedade, automutilação e suicídio disparando e até dobrando em muitas pesquisas. O autor rastreia o declínio da “infância baseada no brincar” desde os anos 80 e como foi definitivamente erradicada pela chegada da “infância baseada no telefone” nos anos 2010.
A mudança de comportamento dos jovens é clara e preocupante. Uma análise de Kannan e Veazie (2023) revela um declínio acentuado no tempo diário médio que jovens entre 15 e 24 anos passam com amigos — de mais de 140 minutos diários em 2003 para menos de 60 em 2019. “Estamos testemunhando uma epidemia de solidão e ansiedade”, afirma Haidt, destacando as armadilhas de uma infância cada vez mais digital.
Para Haidt, o segredo está em reconquistar o espaço lúdico e social usurpado pelos smartphones. “As crianças precisam de brincadeira física, face a face, arriscada e empolgante”, ele insiste. Estabelecer limites para o uso de dispositivos, promover atividades ao ar livre e encorajar a interação direta são passos fundamentais na reconfiguração positiva do cotidiano infantil.
As soluções propostas por Haidt são práticas e acessíveis, passando pela conscientização dos pais até a implementação de políticas públicas efetivas. “Não podemos negligenciar a conversa sobre o uso consciente da internet”, alerta.
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