Yanomamis: 257 mil unidades de medicamentos jogadas fora em 2023
Segundo o Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami, 86% dos medicamentos descartados perderam a validade ao longo de 2023
O Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (DSEI-YY), subdivisão do Sistema Único de Saúde (SUS) voltada ao atendimento dos yanomamis, jogou fora mais de 257 mil unidades de medicamentos em 2023, primeiro ano do terceiro mandato do governo Lula.
Segundo o Estadão, os maiores mais descartes foram de ivermectina (48.228 comprimidos) e cloroquina (12.580 comprimidos), apostas de Jair Bolsonaro para o combate à Covid, mas que são indicadas para verminoses e combate à malária, doença comum na região, respectivamente.
Também foram descartados 1.690 unidades de Paxlovid, antiviral usado no combate à Covid, e outros insumos, como testes rápidos de Covid e de HIV.
Por meio de Lei de Acesso à Informação (LAI), o DSEI-YY informou que 86% dos medicamentos jogados no lixo perderam a validade ao longo de 2023 ou em anos anteriores (até 2015).
Ao jornal, a subdivisão do SUS afirmou que todo o processo de descarte de medicamentos é acompanhado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e pela Controladoria-Geral da União (CGU). As últimas auditorias realizadas por esses órgãos aconteceram em junho e julho de 2023, respectivamente.
Governo Lula atribui culpa a Bolsonaro
Em nota, o Ministério da Saúde afirmou atribuiu a responsabilidade ao descarte de medicamentos ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), alegando ter herdado estoques de medicamentos “sem tempo hábil para distribuição e uso”.
“O Ministério da Saúde informa que, no início de 2023, a atual gestão se deparou com um cenário de crise humanitária do povo Yanomami causado pela desassistência e desestruturação da saúde indígena nos últimos anos. A Pasta também herdou estoques de medicamentos sem tempo hábil para distribuição e uso, comprados sem critérios ou planejamento.”
A pasta também disse que procura reestruturar as políticas de saúde indígena para evitar desperdícios e garantir a distribuição “de acordo com a necessidade”.
De quanto tempo o governo precisa para frear as mortes de yanomamis?
A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, afirmou na quinta-feira, 22, que um ano “não foi suficiente” para o governo Lula (PT) “resolver todas as situações” referentes aos yanomamis.
Em 2023, primeiro ano do terceiro mandato do petista, o território Yanomami registrou 363 mortes de indígenas. Em 2022, último ano do governo de Jair Bolsonaro (PL), o governo contabilizou 343 mortes.
“Entendemos que um ano não foi suficiente para gente resolver todas as situações instaladas ali, com a presença do garimpo, com a presença de quase 30 mil garimpeiros convivendo diretamente no território, aliciando e violentando os indígenas impedindo que as equipes de saúde chegassem ali”, disse Sonia Guajajara em coletiva de imprensa.
Descaso com os yanomamis
Diante da continuação da crise no território Yanomami, os ministérios da Saúde e dos Povos Indígenas atribuíram os aumento de mortes à subnotificação dos casos no governo anterior.
A secretária de Vigilância e Saúde do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, disse que o governo considera 2023 o marco zero para entender mortes na região.
Enquanto os indígenas morrem desnutridos, a culpa vai sendo jogada de um lado para outro.
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