Walter Delgatti Neto, o hacker, fala à CPMI; acompanhe
Walter Delgatti Netto (foto), o hacker que invadiu celulares da Lava Jato e, mais recentemente, se tornou uma espécie de freelancer de luxo da deputada Carla Zambelli (PL-SP), depõe nesta quinta-feira à CPMI do 8 de Janeiro...
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Walter Delgatti Netto (foto), o hacker que invadiu celulares de membros da força-tarefa da Operação Lava Jato e, mais recentemente, se tornou uma espécie de freelancer de luxo da deputada Carla Zambelli (PL-SP), depõe nesta quinta-feira à CPMI do 8 de Janeiro. Delgatti está preso desde o início do mês, após uma operação da Polícia Federal desarticular uma operação envolvendo a deputada.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a operação, batizada 3FA, com base em evidências de pagamentos feitos pelo gabinete de Zambelli ao próprio Delgatti. A PF ainda não divulgou o valor dos repasses. Zambelli negou a versão dada por Delgatti, mas reconhece que o levou a reuniões em Brasília. Segundo a deputada, o objetivo seria montar uma equipe para fiscalizar as urnas.
Apesar de convocado na condição de testemunha, ele tem o direito a manter-se em silêncio, por permissão do ministro Edson Fachin, do STF. Seu advogado, no entanto, indicou que ele deve falar à comissão mista logo no início da reunião.
"Continuei acessando o Telegram até chegar na Lava Jato”, diz o hacker Walter Delgatti em depoimento à CPMI do 8 de janeiro, contando sua versão da Vaza Jato, que teria começado com uma prisão por tráfico de drogas. https://t.co/smGyq7FEQR pic.twitter.com/ZtQYt763Y1
— O Antagonista (@o_antagonista) August 17, 2023
O depoimento
Delgatti iniciou seu depoimento dizendo que começou a tentar invadir o sistema do Telegram após ser detido por tráfico de drogas. Ele alega que foi implicado por conta de medicamentos legais que toma para distúrbios como TDH. Ele ficou seis meses preso “com traficantes e assassinos”, apesar de alegar que não usa drogas e nem bebe.
“Saindo de lá, eu perdi amizades, perdi namorada, perdi tudo. Eles me viam como traficante em uma cidade pequena. Expliquei que fui inocentado, porque o médico que me prescreveu o medicamento foi até a audiência e disse: ‘realmente, eu prescrevi'”, descreveu o hacker em sua intervenção inicial.
Vaza Jato
Naquela audiência, diz Delgatti, ele percebeu que o promotor que o acusara estava usando o Telegram e pensou em invadir sua conta para provar que era inocente. Ele passou dois anos tentando e diz que, ao conseguir, encontrou mensagens comprometedoras do promotor.
O hacker contou que seguiu fuçando a ferramenta e que chegou aos perfis de procuradores da Lava Jato, nos quais teria identificado “que havia uma perseguição com o presidente Lula”. “Pensei: o que acontece comigo acontece com ele. E, de forma livre e espontânea, comecei a dar publicidade às conversas, que foi a Vaza Jato”, contou, sendo instruído, logo em seguida, por seu advogado, a dizer que não recebeu nada por isso.
Zambelli
Na sequência, Delgatti detalhou como conheceu Zambelli. “Eu trabalho com TI, eu não terminei ainda a faculdade de direito, e então precisava de internet para poder trabalhar. Nisso, apareceu a oportunidade da deputada Carla Zambelli de um encontro com o [presidente Jair] Bolsonaro, que foi no ano de 2022, antes da campanha. Ele queria que eu autenticasse a lisura das eleições, das urnas”, contou.
Urna
Delgatti disse ainda que recebeu a missão de criar um código-fonte falso e introduzi-lo em uma urna eletrônica, que seria exibida durante a manifestação de 7 de Setembro do ano passado. “Essa apresentação iria explicar à sociedade e a quem estivesse no dia 7 de Setembro que era possível que aquela urna, que era possível que aquela urna, que se vê no dia das eleições, imprimir outro voto — a ideia era essa”, disse.
Grampo
Delgatti Neto afirmou ainda que o ex-presidente Jair Bolsonaro lhe disse que obteve um grampo do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A declaração de Bolsonaro teria ocorrido durante uma ligação mediada por Zambelli. “Nesse grampo teriam conversas comprometedoras do ministro e ele [Bolsonaro] precisava que eu assumisse esse grampo. A informação que eu tenho é que ele já estava grampeado. Já existia o grampo. Segundo ele [Bolsonaro], naquela data, havia um grampo concluído”, disse o hacker.
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