Venda de sentenças: alvo de operação jogou celular pela janela, diz PF
Diego Cavalcante Gomes é apontado como operador financeiro de esquema de venda de decisões judiciais no STJ

O empresário Diego Cavalcante Gomes, apontado como operador financeiro de um esquema de venda de decisões judiciais no Superior Tribunal de Justiça (STJ), tentou destruir provas no momento em que era alvo de busca e apreensão da Operação Sisamnes. Segundo a Polícia Federal, ele jogou o próprio celular pela janela de casa e acionou um personal trainer para esconder o aparelho.
O episódio, detalhado em relatório da PF obtido pelo Uol, motivou o pedido de prisão preventiva de Diego por obstrução de Justiça, acatado pelo ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), que conduz o inquérito.
Os agentes chegaram à residência de Diego, em um condomínio em Brasília, por volta das 5h50. Segundo o relatório, houve demora para abrir a porta e os policiais ouviram um estrondo vindo da parte interna.
Ao ser questionado, Diego alegou que o celular estava em conserto numa loja da Apple desde o sábado anterior. Ele não apresentou comprovante do serviço e disse não lembrar o nome nem o endereço do escritório de advocacia onde estaria a nota.
Durante a operação, os policiais apreenderam o celular da esposa do investigado, dois veículos Porsche e um Volkswagen T-Cross.
Personal trainer
Desconfiados da versão apresentada, decidiram vasculhar casas vizinhas. Numa delas, moradores relataram que um homem de roupa de academia, identificado depois como personal trainer de Diego, havia aparecido por volta das 8h pedindo acesso ao quintal. O homem alegou que sua esposa havia jogado seu celular pela janela após uma briga. O vizinho emprestou até uma escada para que ele verificasse o telhado.
Imagens da portaria confirmaram que o personal entrou no condomínio às 7h42 e dirigiu-se pela contramão até a área dos fundos, supostamente para procurar o celular. Mensagens encontradas no celular da esposa de Diego mostram que ela acionou o personal para tentar resgatar o aparelho antes que fosse encontrado pela polícia.
No dia seguinte, Diego Cavalcante foi preso preventivamente. A PF voltou ao condomínio, mas não localizou o celular.
A defesa de Diego nega que ele tenha tentado se desfazer do aparelho e afirma que o celular estava em conserto.
R$ 6,5 milhões em repasses
As investigações apontam que Diego recebeu R$ 6,5 milhões da empresa Florais Transportes, de propriedade do lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, preso desde novembro sob suspeita de intermediar a venda de decisões judiciais. Do total, cerca de R$ 3,3 milhões foram sacados em espécie por Diego.
A prisão do empresário é um desdobramento da Operação Sisamnes, que apura uma rede de corrupção no Judiciário.
Em 13 de maio, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão em Brasília, São Paulo e Mato Grosso, na quinta fase da investigação. O ex-presidente da OAB de Mato Grosso Ussiel Tavares foi um dos alvos. Cerca de R$ 20 milhões em bens e valores foram bloqueados, e passaportes de investigados, apreendidos.
A operação teve início após o assassinato do advogado Roberto Zampieri, em dezembro de 2023, em Cuiabá.
A morte levou à descoberta de um suposto esquema de venda de sentenças que envolve advogados, lobistas, empresários, servidores e até magistrados.
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