Vacinação contra o HPV ainda não atinge índices esperados no Brasil
Descubra por que a vacinação contra o HPV no Brasil não atinge os índices esperados, apesar de ser vital para prevenir cânceres.
A vacina contra o HPV (papilomavírus humano) está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2014, quando foi incluída no Plano Nacional de Imunizações (PNI). Inicialmente, era oferecida apenas para meninas, e apenas em 2017, os meninos foram incluídos no público-alvo. No entanto, mesmo sendo gratuita e protegendo contra vários tipos de câncer, a vacinação ainda não atingiu os índices esperados no Brasil, especialmente entre os meninos.
Movimento anti-vacina e falta de informação são obstáculos
Segundo especialistas, a desinformação e o preconceito são alguns dos fatores que impedem uma maior adesão à vacina. O pediatra e infectologista Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), afirma que a vacina contra o HPV está no topo da lista de negacionistas e do movimento antivacina. Uma justificativa comum é que o imunizante poderia estimular uma vida sexual mais precoce.
“Negacionistas envolvem crenças religiosas, dizem que as crianças vão começar a vida sexual mais cedo. A vacina não promove predisposição para iniciação sexual. Os pais que vacinam seus filhos estão preocupados com a saúde”, explica Kfouri.
Desinformação e esquecimento dificultam a adesão à vacina
Neila Speck, presidente da Comissão Nacional Especializada no Trato Genital Inferior da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), também acredita que há muita desinformação sobre as doenças que o HPV pode causar, além do esquecimento dos responsáveis pelo esquema de duas doses da vacina.
“A pessoa ir até a unidade de saúde para vacinar também não é a melhor opção. O ideal seria que a vacina fosse aplicada nas escolas, que foi a estratégia inicial quando a vacina chegou ao Brasil. A cobertura vacinal chegou a quase 100% naquela ocasião”, relata a ginecologista.
Adesão à vacina é menor entre os meninos
Segundo o Ministério da Saúde, entre 2018 e 2024, 75,61% das meninas receberam a primeira dose da vacina, enquanto 58,19% completaram o esquema de duas doses. Já entre os meninos, o percentual é ainda menor: 52,86% receberam a primeira dose e 33,12% a segunda.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que 90% das meninas sejam vacinadas até os 15 anos com o esquema completo (duas doses). “Estamos muito aquém desse número, principalmente entre os meninos”, alerta Neila Speck, que também é professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Importância da vacinação contra o HPV
O HPV é responsável por 99% dos casos de câncer de colo de útero, o terceiro mais frequente entre as mulheres no Brasil, sem considerar os tumores de pele não melanoma. Atualmente, o câncer de colo de útero é considerado passível de erradicação, por meio da vacinação, rastreamento e tratamento das lesões.
Se a vacina é importante para o câncer de colo de útero, por que também vacinar os meninos? A resposta está na proteção estendida a outros tipos de câncer, como o câncer de pênis, ânus, orofaringe, vagina e vulva. Além disso, ao vacinar o público masculino, conseguimos interromper a cadeia de transmissão do vírus.
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