Um PGR para chamar de seu
Augusto Aras parece disposto a retirar de Geraldo Brindeiro o título de engavetador-geral da República. Depois de exterminar a Lava Jato, o PGR acumula manifestações de blindagem a Jair Bolsonaro, talvez sonhando com uma indicação ao Supremo numa improvável reeleição. Na semana passada...
Augusto Aras parece disposto a retirar de Geraldo Brindeiro o título de engavetador-geral da República. Depois de exterminar a Lava Jato, o PGR acumula manifestações de blindagem a Jair Bolsonaro, talvez sonhando com uma indicação ao Supremo numa improvável reeleição.
Na semana passada, o procurador solicitou à Corte o arquivamento do inquérito sobre o vazamento de um inquérito sigiloso sobre ataque hacker, durante a live em que atacou o sistema eleitoral.
E, na sexta-feira (18), ele pediu ao Supremo o arquivamento de outra investigação sobre suposta prevaricação de Bolsonaro diante de denúncias de irregularidades nas negociações para a compra da vacina Covaxin, por meio da Precisa Medicamentos.
Aras enfrenta sem rubor as críticas por poupar Bolsonaro dos crimes cometidos durante a pandemia, inclusive após a conclusão da CPI da Covid, que pediu o indiciamento do presidente pelos crimes de epidemia (com resultado em morte), infração de medida sanitária, charlanismo, incitação ao crime, falsificação de documento particular, emprego irregular de verbas públicas, prevaricação, crimes contra a humanidade e crimes de responsabilidade (violação de direito social e incompatibilidade com dignidade, honra e decoro do cargo).
Nesse caso, ele conta com a incompetência dos senadores que não foram capazes de fundamentar a maior parte das acusações.
E isso depois de arquivar todos os pedidos de investigação contra o presidente antes da CPI, especialmente por provocar aglomerações e não usar máscara de proteção. Também se recusou a acolher petição de subprocuradores para obrigar o presidente a seguir as recomendações da OMS.
Em janeiro de 2021, num quadro trágico que combinava o atraso na vacinação contra a Covid ao colapso no sistema de saúde de Manaus, com pessoas morrendo asfixiadas, o PGR decidiu pedir a abertura de uma investigação apenas contra o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, poupando o presidente.
Com a saída de Pazuello do governo e sem foro, o ministro Ricardo Lewandowski enviou à primeira instância o inquérito sobre a omissão do ex-ministro — caso até hoje sem decisão.
Em 4 de junho do ano passado, a PGR, na figura do vice-procurador, Humberto Jacques de Medeiros, pediu ao STF o arquivamento do inquérito sobre atos antidemocráticos, que envolvia 11 deputados bolsonaristas. Alexandre de Moraes, então, determinou o arquivamento do caso e a abertura de outra investigação — desta vez para apurar a existência de uma organização criminosa digital, driblando o pedido da PGR.
Já em novembro de 2021, o procurador pediu o arquivamento de uma ação apresentada no Supremo contra Bolsonaro por seus discursos antidemocráticos durante o 7 de Setembro. Um mês antes, Cármen Lúcia havia demandado o PGR a detalhar quais providências estavam sendo adotadas sobre ameaças a integrantes do Supremo e contra o processo eleitoral.
No mês passado, Augusto Aras irritou-se ao ser acusado pela Transparência Internacional, no relatório “Retrospectiva 2021”, de “alinhamento sistemático” com o governo.
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