Tuberculose na Cracolândia
Segundo dados da Secretaria Municipal da Saúde de SP, houve um aumento significativo nos casos de tuberculose entre moradores de rua
Agentes de saúde fizeram uma ação, na última terça-feira, 25, na Cracrolaândia, região Central da cidade de São Paulo, para encontrar oito pessoas com suspeita de tuberculose.
De acordo com dados da Secretaria Municipal da Saúde, houve um aumento significativo nos casos de tuberculose entre moradores de rua na região central. Somente em maio, foram registradas 45 notificações, o maior número do ano até agora. Nos primeiros cinco meses de 2024, houve 169 casos registrados na região, comparados aos 127 do mesmo período em 2023, publicou reportagem da Folha de S. Paulo.
“O banco de dados referente à tuberculose é concluído sempre ao fim do mês, existindo um período de tempo entre a coleta de exame, diagnóstico e notificação dos casos“, explicou a gestão Ricardo Nunes (MDB).
Tuberculose em locais sem condições mínimas de salubridade
A tuberculose, sendo uma doença de fácil transmissão, torna-se especialmente perigosa em locais sem condições mínimas de salubridade. Segundo o infectologista e sanitarista Bruno Ishigami, a tuberculose pode ser fatal e é a principal causa de mortalidade entre pessoas vivendo com HIV.
Há cerca de duas semanas, o sindicato dos guardas-civis (SindGuardas) encaminhou um ofício à gestão Nunes informando sobre o adoecimento de 11 agentes que atuam na Cracolândia desde fevereiro de 2020. O documento menciona doenças respiratórias, incluindo tuberculose.
Apesar do aumento dos casos, a prefeitura afirmou que não há surto de tuberculose no centro de São Paulo. “A busca ativa por sintomáticos respiratórios é um procedimento rotineiro realizado por todos os serviços de saúde nas mais diversas populações, sendo mais intensivo nos grupos de risco para a doença, que inclui a população em situação de rua“, afirmou a administração por meio de nota.
Programa Redenção
A ação de busca de possíveis doentes na cracolândia faz parte do programa Redenção, que monitora os usuários da região central. A gestão também mencionou outras iniciativas, como exames e vacinação realizados durante a Operação Baixas Temperaturas, além de atendimentos à população de rua.
Bruno Ishigami destacou à Folha que os usuários de drogas são uma população chave no enfrentamento à tuberculose devido às condições em que vivem. “A tuberculose é de fácil transmissão. O indivíduo com tuberculose pulmonar ‘espalha’ bacilo de tuberculose no ambiente ao tossir, então precisa de um tempo de contato com a pessoa vivendo com TB. Acaba que cracolândia e presídio são ambientes oportunos para a tuberculose“, explicou.
O número de 45 pessoas possivelmente infectadas na região central é considerado alto, e essas pessoas precisam ser acompanhadas. “O isolamento social é recomendado nos primeiros 15 dias de tratamento. É o tempo necessário para que o remédio diminua a quantidade de bactéria no corpo da pessoa“, acrescentou Ishigami. Ele também ressaltou a importância de investigar a saúde de pessoas que mantiveram contato com os infectados.
A Secretaria Municipal da Saúde destacou que o aumento no número de casos notificados de tuberculose reflete uma tendência nacional e pode estar ligado ao aumento da procura por atendimento após o fim da pandemia da Covid, em meados de maio de 2023, bem como à intensificação das ações de busca ativa pelos profissionais de saúde da rede municipal.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)