Tratar Janja como vice é um precedente perigosíssimo Tratar Janja como vice é um precedente perigosíssimo
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Tratar Janja como vice é um precedente perigosíssimo

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Madeleine Lacsko
4 minutos de leitura 27.09.2023 17:10 comentários
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Tratar Janja como vice é um precedente perigosíssimo

O grande problema na permissividade com Janja em atos oficiais é o precedente. Um presidente da República não define quem faz parte de sua linha sucessória...

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Madeleine Lacsko
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Tratar Janja como vice é um precedente perigosíssimo
Arte: O Antagonista

O grande problema na permissividade com Janja em atos oficiais é o precedente. Um presidente da República não define quem faz parte de sua linha sucessória. Aliás, nem reis e imperadores têm o poder de definir quem faz parte da própria linha sucessória, há uma regra.

Se Lula não vai a um lugar, não pode mandar a mulher dele como representante. A mulher do Lula não pode fazer anúncios de medidas, como disse um ministro que ocorreria. Ela não é parte do governo e não tem cargo.

Caso um amigo convide para um jantar e Lula não possa ir, obviamente ele pode mandar a própria mulher como representante. Mas o Brasil não é a família dele nem a casa dele: é um país que ele foi eleito para presidir seguindo regras.

As regras determinam que só podem exercer o poder ou papel da Presidência, na ausência do presidente, as pessoas numa linha sucessória. São elas: vice-presidente, presidente da Câmara, presidente do Senado e presidente do STF.

Os dois outros Poderes da República, Legislativo e Executivo, precisam se manifestar. A partir de agora, o Poder Executivo terá o direito de alterar a linha sucessória? Espero que não. Isso significaria que o presidente pode distribuir poder como quiser, sem seguir as leis.

A primeira-dama não pode participar de agendas e atos de governo porque não faz parte do governo. Participa apenas socialmente, acompanhando o marido. Geralmente, elas se dedicam a alguma causa social e fazem uma agenda paralela em torno disso.

Conheço gente bem-intencionada que argumenta não haver mal nenhum. Se ela quiser ajudar no governo e não recebe salário, não haveria problema. É um engano. Há muito problema. Nem ela nem outros voluntários sem cargo no governo podem participar de atos de governo porque não têm as mesmas obrigações de quem assume um cargo público.

Nós, cidadãos comuns, temos o direito de fazer tudo o que a lei não nos impeça. Janja está incluída nisso. Gente com cargo público abre mão dessa liberdade e vive outra lógica, a de poder fazer só o que a lei manda.

É por razões dessa ordem que voluntários acabam sendo recusados mesmo quando têm a melhor das intenções de ajudar o serviço público. Eles não têm as mesmas obrigações dos servidores com legitimidade. Não terão, portanto, a mesma cobrança se algo der errado.

Nós sabemos que, mesmo com todo esse cuidado e essas regras, as coisas já degringolam facilmente por aqui. Remover tudo e deixar o coração do presidente ser o condão da legitimidade do poder é uma temeridade.

Outro problema criado para o governo é de comunicação. A militância digital de Janja é de baixíssimo nível, num estilo mais parecido com o da Choquei e de sites de fofoca ou fandoms.

Você pode argumentar que o bolsonarismo teve militância de baixo nível, e teve mesmo. Pode argumentar também que os MAVs petistas antecederam o bolsonarismo e eram de baixo nível. Também é verdade. A novidade é esse estilo de fandom ou fofoca que contagia pessoas reais.

Eu afirmei em uma rede social que Janja não é parte do governo. Algumas respostas da militância digital:

– Foto de calcinha suja

– Gif de menina adolescente lambendo um sorvete com a seguinte pergunta: “Você engole ou cospe?”

– Afirmam que eu tenho inveja da Janja

– Afirmam que eu tenho recalque

– Afirmam que eu só penso na Janja

Fosse briga de fandom de influencer, músico famoso ou ator, isso provavelmente funcionaria. É bem o estilo de baixaria que faz sucesso nos sites de fofoca. Difícil entender o que Lula ganha com isso. Parece uma máquina de fabricar antipetismo.

Nada disso faz com que Janja seja parte do governo, mas o conjunto da obra começa a tornar a primeira-dama a kriptonita de um governo do qual ela nem faz parte.

 

 

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