Stédile diz que ministros de Lula têm “medo da luta social”
Após vir a público mensagem em que poupava o governo Lula de responsabilidade pelo "pior ano" da história do MST, João Pedro Stédile calibrou o discurso. O líder do...
Após vir a público mensagem em que poupava o governo Lula de responsabilidade pelo “pior ano” da história do MST, João Pedro Stédile (foto) calibrou o discurso. O líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) disse em entrevista que os ministros do governo Lula “precisam ter coragem e não ter medo da luta social”.
Ele falou ao programa 20 minutos, como registra a coluna Painel, da Folha de S.Paulo.
“Não houve qualquer fato concreto que afetasse o latifúndio. As famílias foram assentadas em áreas que já estavam ocupadas e foram somente legalizadas”, disse Stedile. Ele rebateu o ministro Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário, segundo quem o número de famílias assentadas em 2023 (7,2 mil) foi o maior em oito anos.
Sobre o “medo” dos ministros de Lula, Stédile disse o seguinte:
“Qualquer ocupaçãozinha e o ministério já entra em ebulição, parece bomba atômica. Percebo que, infelizmente, a maioria dos ministros tem medo da luta social, pois não vieram dela. Por isso se assustam.”
Na entrevista, ele disse esperar mudanças para o próximo ano.
“Não só em programas que reestruturem e melhorem a vida do povo, mas sobretudo no comportamento dos ministros, que precisam ter coragem e não ter medo da luta social. A luta social é que faz as mudanças em qualquer país do mundo”, comentou.
O pior ano
Em mensagem de Natal distribuída na sexta-feira, 22, Stédile classificou 2023 como “o pior ano de todos os 40 anos do MST” em termos de famílias assentadas. Mas atribuiu a culpa aos governo de Jair Bolsonaro e Michel Temer.
“Faltaram recursos, porque o orçamento era do governo passado, e de certa forma o Estado brasileiro, com o desmonte que houve nos seis anos de governos fascistas, impediu que agora a máquina se voltasse para as necessidades dos trabalhadores”, disse o líder do MST na mensagem.
O MST retomou em 2023 as invasões de propriedade que rarearam durante os anos do governo Bolsonaro. Foram tantas no início do ano que a Câmara dos Deputados instalou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o movimento.
A CPI acabou sem a aprovação do relatório final de Ricardo Salles (PL-SP), que pedia o indiciamento de 11 pessoas, após intervenção do governo Lula para inverter a relação de forças no colegiado.
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