Sem terra, mas com TikTok: o lamento de Stedile
O jornal Folha de S.Paulo publicou nesta segunda-feira, 22, um longo perfil de João Pedro Stedile, líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Em meio ao romantismo sobre...
O jornal Folha de S.Paulo publicou nesta segunda-feira, 22, um longo perfil de João Pedro Stedile, líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Em meio ao romantismo sobre as invasões de terra no Brasil e às ameaças de intensificar as atividades do movimento em 2024 — “Vai haver muito mais luta social” —, Stedile deixou escapar um lamento sobre a atual militância do movimento (foto, de aula da Escola Nacional de Comunicação Popular do MST).
“Quando eu era jovem, a turma que ia organizar a ocupação ia naquele espírito da vontade, da coragem. Não ganhava nada com os outros. Era ajudar os pobres a se libertarem”, recordou o líder sem-terra, disparando contra os militantes atuais: “A nova militância está mais acomodada. Já consegue entrar na universidade. O jovem sem-terra ou assentado está mais vagaroso para as atividades militantes. Mais influenciado pelas redes sociais“.
Segundo Stedile, “a nova geração de jovens militantes está demorando a se constituir com têmpera, com vontade”.
Pior ano da história
Em dezembro, o líder do MST classificou 2023 como o pior ano da história do movimento, que completa quatro décadas. Ele atribuiu a culpa a Jair Bolsonaro e Michel Temer, contudo, poupando Lula.“Faltaram recursos, porque o orçamento era do governo passado, e de certa forma o Estado brasileiro, com o desmonte que houve nos seis anos de governos fascistas, impediu que agora a máquina se voltasse para as necessidades dos trabalhadores”, disse o líder do MST em mensagem distribuída para a militância.
Dias depois de a mensagem via a público, Stedile deu uma entrevista para dizer que os ministros do governo Lula “precisam ter coragem e não ter medo da luta social”.
“Não houve qualquer fato concreto que afetasse o latifúndio. As famílias foram assentadas em áreas que já estavam ocupadas e foram somente legalizadas”, reclamou, rebatendo o ministro Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário, segundo quem o número de famílias assentadas em 2023 (7,2 mil) foi o maior em oito anos.
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