“Se todos tivessem menos recursos, o jogo eleitoral seria mais equilibrado”, diz líder do Novo “Se todos tivessem menos recursos, o jogo eleitoral seria mais equilibrado”, diz líder do Novo
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“Se todos tivessem menos recursos, o jogo eleitoral seria mais equilibrado”, diz líder do Novo

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Wilson Lima
5 minutos de leitura 19.12.2021 11:00 comentários
Brasil

“Se todos tivessem menos recursos, o jogo eleitoral seria mais equilibrado”, diz líder do Novo

Um dos maiores críticos do fundão eleitoral de R$ 5,7 bilhões, o líder do Novo, Paulo Ganime (RJ), afirma em entrevista a O Antagonista que a classe política precisa perceber que não vale o desgaste com a opinião pública simplesmente para garantir um valor maior...

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“Se todos tivessem menos recursos, o jogo eleitoral seria mais equilibrado”, diz líder do Novo
Foto: Gustavo Sales/Câmara dos Deputados

Um dos maiores críticos do fundão eleitoral de R$ 5,7 bilhões, o líder do Novo, Paulo Ganime (RJ), afirma em entrevista a O Antagonista que a classe política precisa perceber que não vale o desgaste com a opinião pública simplesmente para garantir um valor maior para as campanhas eleitorais.

“Há um entendimento de que precisa de muito dinheiro para fazer campanha, o que eu acho que até para quem usa esse recurso, não seria uma verdade. Acho que se todos tivesse menos recursos, o jogo seria mais equiparado”, disse o parlamentar (foto).

Na sexta-feira última, o Congresso derrubou um veto de Jair Bolsonaro para viabilizar um fundo eleitoral de até R$ 5,7 bilhões. Na próxima segunda-feira, a Comissão Mista de Orçamentos vai definir qual será o real valor destinados às campanhas eleitorais para 2022.

“Não é só a questão da campanha eleitoral. Esse recurso é visto como uma espécie de força política que os líderes ou presidentes dos partidos têm”, afirma Ganime.

Leia abaixo os principais trechos da entrevista:

Líder, essa decisão do Congresso mostra que deputados e senadores ainda não conseguiram aprender a fazer uma campanha mais barata, mais autêntica?

Há um entendimento de que precisa de muito dinheiro para fazer campanha, o que eu acho que até para quem usa esse recurso, não seria uma verdade. Acho que se todos tivesse menos recursos, o jogo seria mais equiparado. Mas eles entendem que é uma necessidade. Agora, há outras finalidades. Não é só a questão da campanha eleitoral. Esse recurso é visto como uma espécie de força política que os líderes ou presidentes dos partidos têm. Eles usam isso como forma de pressão sobre os deputados. Não é só o fato de usar o dinheiro. Mas é como você usa isso no processo político.

Essa já vai ser a segunda eleição sem o financiamento privado. E a classe política sempre alega que há a necessidade de muito dinheiro para ser fazer uma campanha. O senhor acha que ainda é possível se fazer uma campanha mais enxuta?

Eu acho que, se a classe política tiver coragem e perceber que não vale o desgaste desse fundo eleitoral, desse tamanho pelo menos, é possível que ela mude esse comportamento. Tudo é uma questão de troca. A classe política perde voto, perde o apoio da opinião pública ao apoiar o fundão bilionário. Eu gastei R$ 298 mil na minha campanha eleitoral, não gastei R$ 2 milhões. Então, dá para fazer campanha mais barata. E temos cada vez mais deputados que usam as redes sociais e que fazem um modelo de campanha baseado na mobilização de voluntários. Conforme isso cresce, a vontade dos parlamentares de se desgastar, de ter o seu fundo, diminui. Claro que não é de uma hora para outra. Mas acho que em algum momento haverá essa ruptura. Vai chegar ao ponto em que os deputados vão pensar: ‘Olha, não vale o desgaste, não vale perder apoio popular com isso’.

Deputado, falando em apoio popular, como o fator “pressão das redes” entra nessa equação?

Então, tem uma coisa muito importante e que não pesou nessa votação: o apoio popular. Não vi a mídia também falando de forma acintosa [sobre o fundão bilionário]. Nas últimas vezes em que falamos sobre esse tema, houve muito mais repercussão. Quando a população não pressiona, não mostra a sua indignação com os temas, os parlamentares se sentem mais confortáveis em enfrentar esses temas mais polêmicos e menos populares. Então, acho que a soma da mobilização; do perfil dos políticos que está mudando e da maior pressão popular que faz com que o custo político desses projetos que criam benefícios aos políticos como o fundo eleitoral, pode fazer com que a classe política entenda que não vale mais esse tipo de desgaste.

O senhor acha que foi estratégico votar um tema desse uma semana antes do Natal?

Eu não sei se foi uma decisão tomada, mas eu me recordo que, no ano passado, estávamos votando matérias importantes no dia 22 de dezembro, até meia noite, e eu via a população comprometida. A gente já teve momentos em que a população estava mais atenta à esse tipo de tema. Mas acho que, quando a imprensa e os formadores de opinião, nas redes sociais, falam mais do tema, ele ganha corpo. E dessa vez eu vi pouco interesse. E aí, entra algo que pesa muito: o presidente da República vetou, mas o fez por obrigação política. O PL, que é o partido dele, encaminhou pela derrubada do veto. Será que aqueles que se elegeram com o discurso da renovação política eles estavam adormecidos nesse tema? Eles quase não falaram sobre o assunto. Não houve grande mobilização como ocorreu em outros momentos.

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Wilson Lima

Wilson Lima é jornalista formado pela Universidade Federal do Maranhão. Trabalhou em veículos como Agência Estado, Portal iG, Congresso em Foco, Gazeta do Povo e IstoÉ. Acompanha o poder em Brasília desde 2012, tendo participado das coberturas do julgamento do mensalão, da operação Lava Jato e do impeachment de Dilma Rousseff. Em 2019, revelou a compra de lagostas por ministros do STF.

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