Moradores de duas favelas na zona sul de São Paulo, no Campo Limpo e no Jardim São Luiz, estão reclamando da ausência de ações de combate à dengue. Segundo eles, não existem visitas de agentes de endemias para a identificação e orientação sobre os focos do mosquito Aedes aegypti – transmissor de dengue, zika e chikungunya – dentro de suas casas e tampouco fumacê.

Conforme o último boletim epidemiológico da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, Campo Limpo e Jardim São Luiz, ambos distritos, estão em epidemia de dengue. Campo Limpo apresenta uma incidência de 472.8 casos por 100 mil habitantes, enquanto o Jardim São Luiz registra 319.5.

Epidemia de dengue e a falta de conscientização

A epidemia está sendo particularmente sentida na comunidade Morro da Lua, localizada no Campo Limpo, onde pelo menos quatro pessoas foram infectadas na rua Bela Vista. A situação levou a comerciante Érica Santos, mãe de uma das crianças infectadas, a reforçar os cuidados, não mantendo plantas ou objetos que acumulam água em casa, e sempre passando repelente em seu filho.

No entanto, muitos vizinhos parecem ignorar o perigo da doença, deixando suas caixas d’água abertas e deixando água acumular por semanas, aumentando os focos de propagação do mosquito. Assim, Santos destaca|: “Faço a minha parte, mas os outros não”.

Os desafios de combate à dengue nas comunidades

Para Olga Próspero, líder da comunidade Morro da Lua há dez anos, apenas o engajamento do poder público trará mudanças significativas. Eles argumentam que as ações adequadas devem ser incentivadas pelo governo, sobretudo na orientação para redução dos possíveis focos de infecção. As dificuldades de controlar a dengue são ainda maiores em áreas densamente povoadas e em constante transformação, tais como comunidades e favelas.

O infectologista e epidemiologista Guilherme de Sousa destaca que parte das dificuldades que envolvem o combate à dengue estão relacionadas à violência e ao tráfico de drogas existentes em algumas dessas áreas, tornando o trabalho dos agentes mais difícil.

Resposta da Secretaria Municipal de Saúde

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de São Paulo, ações de combate à dengue estão planejadas para a próxima semana nas áreas mencionadas. A SMS realça a importância da participação da população no combate à dengue e encoraja os residentes a verificar se há focos de água estagnada em suas residências, a fim de controlar a propagação da doença.

A SMS também afirma que aumentou o número de agentes de saúde nas ruas de 2.000 para 12 mil e investiu em novas tecnologias. Segundo a secretaria, em 2024, foram realizadas mais de três milhões de ações para combater a dengue, utilizando inclusive drones e equipamentos motorizados para uso do agente de endemias.