Rueda aciona STF contra Bivar
Petição se baseia em um relato de um empresário que teria ouvido ameaça de morte por parte de Bivar ao presidente do União Brasil
O novo presidente do União Brasil, Antônio Rueda (à esquerda na foto), enviou uma petição ao Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar uma suposta ameaça de morte feita pelo seu seu antecessor, Luciano Bivar (à direita).
Segundo a defesa de Rueda, Bivar teria afirmado que contratou pistoleiros para matá-lo.
A petição se baseia em um relato de um empresário que teria ouvido o ex-presidente do União Brasil dar a suposta declaração em uma conversa telefônica com uma terceira pessoa no início de março.
Bivar afirmou ao Globo que a acusação é de “ardil fantasioso”.
No documento enviado ao STF, a defesa de Rueda cita outra declaração de Bivar, desta vez, pelo presidente da Câmara de São Paulo, vereador Milton Leite (União Brasil) no dia da eleição de Rueda.
Segundo o vereador paulistano, Bivar disse na ocasião: “Eu peço que Deus cuide dos meus amigos, lhes dê saúde, que dos meus inimigos cuido eu”.
Bivar não é Júlio César
Em meio a depoimentos sobre tramas golpistas e reflexões sobre o saldo da maior operação de combate à corrupção da história do Brasil, Luciano Bivar (foto) acusou uma punhalada.
“A minha dor não é a perfuração do punhal nas minhas costas. A minha dor, como diz Júlio César, é saber quem apunhalou. Essa é que é a dor maior, que é uma dor insanável”, protestou o presidente do União Brasil ao perder a disputa pela reeleição.
Bivar, que é deputado federal por Pernambuco e fez carreira no futebol como presidente do Sport Club do Recife, referia-se a Antonio Rueda, que o venceu por unanimidade na eleição. Rueda era vice de Bivar no União desde 2022, quando partido foi criado pela fusão do PSL com o DEM.
Na convenção que decretou sua derrota, em 29 de fevereiro, Bivar disse que “não sabia que o inimigo dormia na cama” e denunciou “uma traição covarde, inominável e com desfaçatez da família”, já que ele apadrinhou Rueda, o responsável por tirá-lo do comando do partido.
Idos de março
Vencidos os idos de março — e as semelhanças com a história relatada por Shakespeare terminam aí —, já está claro que não vai aparecer nenhum Marco Antônio para vingar Bivar.
Na peça que cristalizou o enredo da morte de Júlio César, todos aqueles que conspiraram contra o ditador aspirante a imperador acabaram mortos no fim, após um discurso do general. O DEM de ACM Neto e Ronaldo Caiado, ao contrário, está renascendo.
Ainda que Rueda tenha se prestado ao papel de Brutus, Bivar vai ficando pelo caminho sem vingança, como mais um dos vários que surfaram a onda Jair Bolsonaro enquanto e da forma que puderam nos últimos anos.
Desunião
Em 2018, o PSL de Bivar e Bolsonaro elegeu 54 deputados. De lá para cá, desentendimentos, trocas de partido, a tentativa frustrada de criar o Aliança pelo Brasil, o abrigo de Valdemar Costa Neto ao ex-presidente da República e uma fusão que deu origem ao União e sustentou a candidatura presidencial da senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), que também já foi embora do partido.
“Covardes morrem muitas vezes antes de suas mortes. O valente só prova a morte uma vez. De todas as histórias que já ouvi, a que parece mais estranha é a de que os homens temam ao se ver com a morte, um fim necessário, que virá inevitavelmente”, diz o Júlio César de Shakespeare antes de levar as punhaladas.
É um consolo para quem ousou tentar a sorte como imperador.
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