Roberto Ellery na Crusoé: Política industrial de Lula é “museu de grandes novidades”
Agenda é colocar o Estado, ou melhor dizendo, o governo de plantão como parceiro de grandes empresas para o desenvolvimento do país
Em sua coluna para a edição especial de número 300 da Crusoé, Roberto Ellery destaca a Nova Indústria Brasil que não deu certo nos governos anteriores de Lula e ele questiona se desta vez funcionará. A resposta ele deixa para os leitores.
A Nova Indústria Brasil, nome da política industrial apresentada pelo governo, propõe levar o país para o futuro usando ferramentas que deram errado no passado. Em vez de metas claras e indicadores objetivos que permitam acompanhar resultados durante a execução da política, temos objetivos genéricos. De um lado, abundam incentivos, com destaque para os 300 bilhões de reais em financiamento público. De outro, faltam medidas corretivas para o caso de mais um fracasso na tentativa de tirar o país da armadilha da renda média por meio de incentivos à indústria de transformação.
Outra velha novidade apresentada é a retomada de Abreu e Lima. A discussão sobre refinaria no Nordeste é antiga. Por décadas, Ceará, Pernambuco e Maranhão disputaram para receber o projeto. Na última rodada de ufanismo econômico, a que terminou com uma grande crise e outra década perdida, resolveram fazer uma refinaria em cada estado. Duas não saíram do papel. A de Abreu e Lima, em Pernambuco, saiu. Não vou lembrar o histórico de corrupção e os muitos questionamentos da eficiência desta refinaria, apenas fico a pensar por qual razão desta vez seria diferente.
Chamou menos atenção, mas também está nos noticiários, a tentativa do BNDES de driblar uma reforma do governo Michel Temer, que dificultou financiamentos com taxas menores do que o custo do Tesouro para pegar dinheiro emprestado. Se tiver sucesso, o BNDES voltará a fazer empréstimos com subsídios implícitos, aqueles que não estão no Orçamento. Esse tipo de subsídio foi peça central na infame Nova Matriz Econômica. Há debates sobre o impacto das centenas de bilhões de reais no investimento e emprego das empresas beneficiadas. A taxa de investimento agregada e a produtividade, mesmo nas empresas diretamente beneficiadas, não parecem ter tido efeitos positivos desses empréstimos.
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