RACHA NO ‘MUDA, SENADO’ FORTALECE REELEIÇÃO DE ALCOLUMBRE
O tempo fechou no "Muda, Senado" de um jeito que, embora ninguém queira admitir, pode colocar a sobrevivência do grupo em risco...
O tempo fechou no “Muda, Senado” de um jeito que, embora ninguém queira admitir, pode colocar a sobrevivência do grupo em risco.
Formado em sua maioria por parlamentares de primeiro mandato e de vários partidos e correntes ideológicas, o “Muda, Senado” surgiu quase que espontaneamente no ano passado. Leia aqui reportagem da Crusoé.
A ideia era reunir senadores que pensavam parecido, sobretudo em questões que conceituavam a chamada “nova política”. Na esteira da Lava Jato, que ajudou a eleger muitos deles, o foco era o enfrentamento da corrupção e dos desmandos no país e no próprio Senado.
As pautas que os uniram, inicialmente, foram a CPI da Lava Toga — que nunca saiu do papel, após ser engavetada três vezes por Davi Alcolumbre –, a análise dos pedidos de impeachment de ministros do STF e o retorno da prisão em segunda instância, derrubada pelo STF, o que permitiu a soltura de Lula e outros condenados.
O grupo ganhou força no Senado, a simpatia da população e o espaço que queria para propagar suas iniciativas. De um tempo para cá, porém, atritos internos foram ocorrendo, sem que seus integrantes deixassem as cicatrizes à mostra.
Mas o fato é que o grupo passou a ser palco de divergências e disputas, segundo alguns dos próprios integrantes, motivadas, principalmente, por vaidade.
Alcolumbre, ironicamente apoiado por esses senadores na vitória sobre Renan Calheiros no início da legislatura, começou a demonstrar incômodo com o grupo e acabou conseguindo pregar nos integrantes a pecha de “aventureiros”.
Dentro do grupo, foram nascendo interpretações de que o “Muda, Senado” estaria deixando suas pautas de origem para servir estritamente de palanque político, com ataques ao presidente do Senado e ao próprio governo Bolsonaro, ainda que esses propósitos se encontrem em muitos momentos.
Não demorou para que alguns dos próprios integrantes do grupo — minoria — passassem a absorver as críticas de fora, tachando os pares de “xiitas” por cobrarem publicamente a postura dos colegas sobre determinados assuntos, entre outras coisas.
Um dos episódios que deixou rachaduras foi a entrevista de Major Olímpio a O Antagonista, em julho, na qual o líder do PSL acusou senadores de participarem de um “acordão” em que receberam emendas destinadas ao enfrentamento da pandemia da Covid-19 para, em troca, garantirem apoio a Alcolumbre e ao governo federal.
Mais recentemente, a apresentação da PEC para permitir a reeleição de Alcolumbre, de autoria de Rose de Freitas, que não fazia parte do grupo, também ajudou a azedar as relações internas. Isso porque houve gente do “Muda, Senado” que assinou a PEC e outros que não gostaram da reação dos que não assinaram, dizendo, inclusive, que eles estavam promovendo “canibalismo” na equipe.
A votação do projeto das fake news, aprovado no Senado em meio à pandemia, foi outro tema que dividiu esses senadores, provocando discussões acaloradas nos bastidores.
A quatro meses da eleição interna no Senado, o grupo com mais chance de derrotar a atual gestão não apresentou candidato, bate cabeça e se fragmenta aos poucos. Bom para o senador do Amapá, que quer e jura que vai conseguir mudar as regras do jogo e ficar mais dois anos no poder.
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