Quem falou à PF e quem calou sobre a trama golpista
Dos 23 intimados para se explicar perante a Polícia Federal, 15 permaneceram em silêncio, entre eles os generais e o ex-presidente Jair Bolsonaro
A Polícia Federal (PF) colheu na quinta-feira, 22, 23 depoimentos no âmbito da investigação sobre uma tentativa de golpe Estado do grupo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Mas os agentes só ouviram respostas de oito dos depoentes. Quinze deles optaram por permanecer em silêncio, segundo levantamento do jornal O Globo.
Entre os que calaram estão o próprio Bolsonaro e os generais que compuseram seu governo: Walter Braga Neto, ex-ministro-chefe da Casa Civil, Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do GSI, Paulo Sérgio Noronha, ex-ministro da Defesa, Mário Fernandes, ex-número dois da Secretaria Geral da Presidência, e o almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha.
Entre os que resolveram falar estão o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, o ex-assessor de Assuntos Internacionais da Presidência Filipe Martins, o ex-assessor Tércio Arnaud, o assistente do Comando Militar Sul Bernardo Romão Correa Netto e o coronel da reserva Cleverson Ney Magalhães.
Bolsonaro calou
Os advogados de Bolsonaro falaram à imprensa do lado de fora do prédio da PF (foto). “Quero deixar claro que esse silêncio não é simplesmente o uso do exercício constitucional do silêncio, mas uma estratégia baseada no fato de que a defesa não teve acesso a todos os elementos por quais estão sendo imputados ao presidente a prática de certos delitos”, disse o ex-chefe da Secom Fábio Wajngarten, um dos defensores do ex-presidente.
A defesa de Valdemar, que chegou a ser detido no dia da Operação Tempus Veritatis, disse que ele “respondeu todas as perguntas que lhe foram feitas” em seu depoimento. Já o advogado de Anderson Torres disse que, ao falar, seu cliente reafirmou “sua disposição para cooperar com as investigações e esclarecer toda e qualquer dúvida”.
E os autos?
A defesa de Filipe Martins divulgou nota, para dizer que seu cliente “está tranquilo, mas inconformado com a sua prisão, que julga precipitada e ilegal”. “Aguardamos agora a decisão referente ao requerimento de revogação da prisão preventiva, pontuando que essa só deve persistir em casos excepcionalíssimos, quando a liberdade em si for um risco, o que demonstrado não ser o caso de Filipe”, completa a nota.
Os defensores de Braga Netto disseram que o ex-ministro ex-candidato a vice-presidente na chapa com Bolsonaro “exerceu o direito de ter acesso absoluto e integral a toda investigação para que possa prestar os devidos esclarecimentos”.
O advogado de Paulo Sergio Nogueira engrossou o coro pelo acesso ao conteúdo dos processos: “O general Paulo Sérgio ficou em silêncio hoje; mas tão logo tivermos o devido acesso aos autos ele estará à disposição para eventuais esclarecimentos”.
A resposta de Moraes
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que relata o processo, diz que não configura cerceamento de defesa “a negativa de acesso a termos da colaboração premiada referente a investigações em curso”.
“Informe-se a Polícia Federal que inexiste qualquer óbice para a manutenção da data agendada para o interrogatório, uma vez que aos advogados do investigado foi deferido integral acesso aos autos”, escreveu Moraes em sua decisão sobre os depoimentos.
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