Prisão de careca do INSS é “primeira vitória” de CPMI, diz relator
A decisão foi tomada pelo ministro André Mendonça, do STF, após pedido do relator pela prisão preventiva de 21 acusados
O relator da CPMI do INSS, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), comemorou nesta sexta-feira, 12, a prisão dos principais investigados no esquema de corrupção que desviou bilhões de reais em descontos fraudulentos de aposentados e pensionistas.
A decisão foi tomada pelo ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), após pedido do relator pela prisão preventiva de 21 acusados, aprovado pelo colegiado em 1º de setembro.
Entre os detidos está Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, preso pela Polícia Federal em Brasília. Ele é apontado como um dos operadores centrais da fraude e suspeito de pagar propina a dirigentes do órgão para ter acesso a dados de beneficiários, que eram repassados a entidades envolvidas no esquema.
Também foi preso Maurício Camisotti, acusado de participação direta nas fraudes. Ambos já haviam sido citados no inquérito conduzido pela Polícia Federal, que reúne mais de 3 mil páginas com indícios de autoria e provas de materialidade dos crimes.
Gaspar afirmou que a medida representa “a primeira vitória” da CPMI. “Há pouco mais de uma semana pedi a prisão do Careca do INSS e de Maurício Camisotti. Muitos criticaram, dizendo que era cedo. Mas o povo estava sendo roubado em todo o Brasil enquanto eles seguiam impunes”, disse.
Segundo o deputado, as prisões marcam apenas o início da responsabilização dos acusados. “Existiam pressupostos suficientes para essa prisão e agora foi feita justiça. Vamos até o fim, porque ninguém aguenta mais tanta impunidade”, declarou.
Na reunião em que apresentou o pedido, em setembro, Gaspar já havia contestado a decisão da Polícia Federal de propor medidas alternativas à prisão. Para ele, a manutenção da liberdade dos investigados representava um “tapa na cara do brasileiro”, diante da gravidade dos crimes apurados.
CPMI e o “Careca do INSS”
A prisão do “Careca do INSS” ocorre um dia após a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS aprovar o requerimento de quebra e transferência do sigilo de dados bancários e fiscais do lobista.
No caso dos dados bancários, os parlamentares querem acesso, especificamente, às informações de movimentação financeira, entre janeiro de 2022 e julho de 2025, de todas as contas de depósitos, de poupança, de investimento e de outros bens, direitos e valores, inclusive mobiliários, assim como das operações com cartão de crédito.
Já no caso dos dados fiscais, querem as declarações de Imposto de Renda, entre janeiro de 2022 e julho de 2025, acompanhadas de dossiê integrado com amparo, no que couber, em diferentes bases de dados que o senador indica.
“Em reunião com os líderes, chegou-se ao seguinte entendimento em relação aos requerimentos de transferência de sigilo: nas transferências de sigilos das entidades, associações e pessoas jurídicas a elas relacionadas, será considerado o período a partir da data de celebração do Acordo de Cooperação Técnica com o INSS até a presente data”, explicou o presidente do colegiado, senador Carlos Viana (Podemos-MG).
Foram aprovados pedidos também para envio de relatórios por parte do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) à comissão. Um deles é para que a comissão envie o Relatório de Inteligência Financeira (RIF) referente ao Careca do INSS, entre janeiro de 2022 e julho de 2025.
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