Presidente de empresa que lavava dinheiro para o PCC é preso
Ubiratan Antônio da Cunha foi preso é acusado de lavagem de dinheiro e organização criminosa, supostamente ligado ao PCC
A Justiça de São Paulo decretou a prisão preventiva de Ubiratan Antônio da Cunha, presidente afastado da empresa de transporte público UPBus, em meio a uma investigação que apura seu suposto envolvimento com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). A ordem de prisão foi emitida nesta terça-feira, 16, pela 2ª Delegacia da Divisão de Investigações sobre Crimes contra o Patrimônio (DEIC) da Polícia Civil.
Cunha, um dos principais alvos da Operação Fim da Linha, deflagrada em abril, é acusado de crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa. A operação foi conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público de São Paulo, em parceria com a Polícia Militar, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e a Receita Federal.
Investigação do MP
No início de junho, membros de uma cooperativa, que foi sucedida pela UPBus, denunciaram à Polícia Civil que haviam sido expulsos da sede da empresa por Cunha, apesar de ele estar judicialmente impedido de frequentar o local. Esses acontecimentos foram comunicados ao Ministério Público, que passou a investigar o caso mais a fundo.
Poucos dias depois, o interventor nomeado pela prefeitura foi atraído por funcionários da UPBus para um encontro em uma cafeteria próxima à garagem da empresa, onde Cunha aguardava, desrespeitando mais uma vez a ordem judicial.
A operação que culminou na prisão de Cunha também investigou a Transwolff, outra grande empresa de transporte público de São Paulo. Ambas são suspeitas de estarem envolvidas com o PCC e de serem utilizadas para a lavagem de dinheiro da organização criminosa, segundo promotores do GAECO.
Acusado de ligação com PCC tem 23 armas apreendidas
O Gaeco, em conjunto com a 2ª Delegacia da Divisão de Investigações sobre Crimes contra o Patrimônio, apreendeu 23 armas de fogo de Ubiratan Antônio da Cunha, presidente afastado da empresa de ônibus UPBus no mês passado.
Além das 23 armas de fogo, a Polícia Civil apreendeu o celular de Cunha e o dispositivo de armazenamento de imagens do sistema de monitoramento da empresa. Segundo o MP, a intervenção foi motivada por denúncias de violência e intimidação praticadas por Cunha, incluindo a expulsão de membros de uma cooperativa predecessora da UPBus da sede da empresa.
Esta não é a primeira vez que armas foram apreendidas de Cunha. Em 2022, uma operação do Denarc (Departamento de Combate ao Narcotráfico) já havia resultado na apreensão de armas sob sua posse.
Envolvimento com o PCC
A investigação revelou que, entre os anos de 2014 e 2024, um indivíduo responsável por coordenar as atividades de tráfico do PCC e outra pessoa injetaram mais de R$ 20 milhões em recursos ilícitos em uma cooperativa de transporte público da zona leste, que posteriormente se transformou na empresa Upbus. Essa ação possibilitou a participação da empresa em uma licitação promovida pela prefeitura de São Paulo em 2015. Ambas as pessoas envolvidas faziam parte do quadro societário da Upbus.
No caso da Transwolff (TW), outra empresa de ônibus investigada na operação, entre os anos de 2008 e 2023, dez indivíduos foram acusados de constituir e integrar uma organização criminosa. Eles utilizaram o grupo econômico TW/Cooperpam para cometer os crimes de apropriação indébita, extorsão, lavagem de dinheiro e fraudes em licitações. Estima-se que cerca de R$ 54 milhões provenientes do tráfico de drogas tenham sido lavados através dessa empresa de transporte, que também precisava dos recursos para se qualificar nas licitações.
Ambas as empresas sofreram intervenção por parte do município. Em uma edição extraordinária publicada no Diário Oficial do município, o prefeito Ricardo Nunes decretou a intervenção, informando que a prefeitura, por meio da SPTrans, assumiria o controle das linhas.
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