O som de unhas arranhando uma lousa, giz raspando ou metais se friccionando costuma provocar uma reação física intensa: arrepios, tensão muscular ou até uma sensação de repulsa imediata. Mas por que esses sons específicos nos causam tanto incômodo?

A resposta está na forma como o cérebro interpreta certas frequências e no papel evolutivo do som como sinal de alerta para o corpo humano.

O impacto das frequências sonoras no ouvido

Sons como o de unhas na lousa possuem frequências entre 2.000 e 4.000 Hz, justamente a faixa em que o ouvido humano é mais sensível. Essa sensibilidade é uma adaptação evolutiva, pois muitas vocalizações de alerta de primatas e humanos ocorrem nessa faixa.

Quando essas frequências são emitidas de forma repetitiva e irregular, como no caso do arranhão em superfícies, elas geram uma resposta auditiva de aversão automática.

Como o cérebro processa o desconforto

Pesquisas com ressonância magnética mostram que esses sons ativam duas áreas específicas:

• Córtex auditivo: responsável por decodificar o som
• Amígdala cerebral: ligada ao medo, ansiedade e respostas emocionais

Essa combinação faz com que o som seja não apenas percebido, mas emocionalmente registrado como desagradável ou ameaçador, o que pode desencadear arrepios ou reações defensivas.

Uma herança evolutiva de sobrevivência

A teoria evolutiva sugere que essa aversão pode ter sido útil para a sobrevivência. Sons agudos e estridentes semelhantes aos de sofrimento animal ou perigo ambiental eram sinais de alerta. Assim, o corpo aprendia a responder rapidamente com tensão e foco diante de estímulos sonoros desagradáveis.

Mesmo que hoje esses sons não representem risco real, a resposta instintiva permanece.

Reações físicas típicas

Ao ouvir esses sons, o corpo pode reagir com:

• Arrepios (piloereção)
• Tensão nos ombros e pescoço
• Contração involuntária dos músculos
• Expressões faciais de desconforto
• Desejo imediato de se afastar da fonte do som

Essas reações são involuntárias e ocorrem mesmo sem ameaça visível, mostrando que o som, por si só, é capaz de mobilizar respostas fisiológicas.

Por que algumas pessoas sentem mais que outras?

A intensidade da reação varia de pessoa para pessoa, e pode estar ligada a:

• Nível de sensibilidade auditiva
• Experiências passadas com sons semelhantes
• Estado emocional no momento do estímulo
• Níveis de ansiedade ou estresse

Pessoas mais sensíveis a estímulos sensoriais tendem a relatar reações mais fortes e desconforto imediato com esses sons.