Planalto tenta passar a perna em Renan na CPI da Braskem
Auxiliares de Lula sugerem que a comissão de inquérito sobre crise em Maceió seja relatada por Rogério Carvalho (PT) ou Otto Alencar (PSD)
Integrantes do Palácio do Planalto têm deixado claro no Senado que não querem Renan Calheiros (MDB-AL) como relator da CPI da Braskem, investigação instaurada para apurar os danos ambientais causados em Maceió pela empresa petroquímica.
Hoje, diante da falta de acordo sobre o relator, senadores adiaram para a tarde a primeira reunião do colegiado.
Como mostramos mais cedo, o posto é pleiteado por Renan Calheiros, autor do requerimento. O problema é que o próprio Palácio do Planalto enxerga que Renan quer conduzir os trabalhos para tentar atingir o grupo político de Arthur Lira (PP-AL), por meio do prefeito de Alagoas, João Henrique Caldas – o JHC.
A CPI da Braskem vai investigar, por exemplo, a aquisição do Hospital do Coração pelo prefeito de Maceió no valor de 266 milhões de reais. Renan tem usado a negociação para desgastar a imagem de Lira e de JHC no Estado.
A solução para a CPI da Braskem
Assim, a solução que vem sendo costurada é que a relatoria saia das mãos da bancada de Alagoas. O planalto sugeriu dois nomes: Rogério Carvalho (PT) ou Otto Alencar (BA). Renan, no entanto, ainda resiste e tem dito que vai brigar para comandar as investigações.
Integrante da CPI da Braskem, o senador e adversário de Calheiros em Alagoas, Rodrigo Cunha (Podemos) já criticou o emedebista publicamente. “A CPI pode e deve ir para frente sem a figura que vicia e contamina todo o processo investigatório”, disse.
Os senadores estiveram reunidos na manhã desta quarta para tentar dar seguimentos aos trabalhos. Mas não houve acordo. Após o encontro, o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), ameaçou deixar o posto, caso o entrave sobre a relatoria seja mantido.
“Essa CPI não será específica sobre a cidade de Maceió, sobre Alagoas, ela tem de ser específica ao procedimento [extração de sal-gema]. Não se trata somente de indenização, tem questões muito mais profundas que serão discutidas aqui”, disse Aziz.
O afundamento de Maceió
Em novembro do ano passado, a prefeitura de Maceió decretou estado de emergência na cidade por 180 dias. À época, a causa era o risco iminente de colapso de uma mina da Braskem, localizada na região da lagoa Mundaú, no bairro do Mutange.
As minas localizadas na região são cavernas abertas pela extração de sal-gema durante décadas de mineração, mas que estavam sendo fechadas desde que o SGB (Serviço Geológico do Brasil) confirmou que a atividade realizada pela Braskem provocou o fenômeno geológico na região.
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