As declarações do líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), sobre a anistia aos presos do 8 de janeiro sinalizam uma avaliação estratégica, com o partido aguardando o momento certo para pressionar o colégio de líderes da Casa a avançar com a votação.

Nos bastidores, membros do partido acreditam que a sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro reagirá rapidamente e não deve demorar a pedir a inclusão da matéria na pauta da Câmara.

Além das movimentações políticas que buscam mobilizar a militância e gerar apoio popular para a questão, o partido aguarda a volta das comissões para preparar o caminho da proposta.

“O momento seria ontem. Mas vamos aguardar a volta das comissões para afinar a pauta com os líderes”, afirmou um deputado membro do PL, que preferiu não se identificar.

Comissão Especial

O ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), criou uma comissão especial para analisar o projeto que propõe anistiar os envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. Essa decisão retirou a tramitação do projeto da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ), onde estava prestes a ser votado.

A criação da comissão especial implica que a análise do projeto será reiniciada nesse novo colegiado, composto por 34 deputados.

“Estilo Motta”

Outra sondagem que o PL faz, no momento, é sobre o perfil do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), a respeito das votações. “Ainda não sabemos o perfil, se é mais cauteloso com o rito legislativo, ou se, como Maquiavel, ele faz o mal de uma só vez”, disse o parlamentar em caráter reservado.

Membro do partido que abriga o ex-presidente Jair Bolsonaro, o parlamentar explicou: “Não que essa pauta represente o mal, mas muitos veem assim”.

Leitura de Bolsonaro

O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou acreditar que já há maioria na Câmara dos Deputados para aprovar a anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro. Ele mencionou conversas com parlamentares, incluindo membros do PSD, indicando que a maioria votaria favoravelmente à proposta.