PGR pede cassação de Carla Zambelli no caso do hacker
Para Gonet, a deputada federal agiu com o objetivo de desacreditar o Judiciário e obter vantagens políticas

A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu a condenação da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e do hacker Walter Delgatti pelos crimes de invasão de sistema informático e falsidade ideológica. A acusação também reforçou o pedido de cassação do mandato da parlamentar.
Zambelli e Delgatti são réus no Supremo Tribunal Federal (STF) sob suspeita de envolvimento na invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Segundo a PGR, os dois foram responsáveis pela criação e divulgação de um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF, como se tivesse sido assinado pelo próprio magistrado.
O documento foi incluído no Banco Nacional de Mandados de Prisão, vinculado ao CNJ.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, solicitou ao STF a aplicação de um trecho do Código Penal que prevê o aumento de pena caso a invasão cause prejuízo econômico.
“Há significativos elementos sobre a gravidade das condutas ilícitas dos denunciados, cujos desdobramentos atentaram contra a segurança, o sigilo, a inviolabilidade de dados sensíveis e, ainda, a fé pública do Poder Judiciário”, afirmou a Procuradoria.
Para Gonet, Zambelli agiu com o objetivo de desacreditar o Judiciário e obter vantagens políticas. Em depoimento à Polícia Federal, Delgatti afirmou ter participado do esquema a pedido da deputada, que nega envolvimento.
A PGR aponta que o material apreendido com Zambelli reforça sua participação. Arquivos falsificados, incluindo uma ordem de quebra de sigilo bancário de Moraes e um mandado de prisão contra o ministro, foram encontrados tanto nos dispositivos de Delgatti quanto no computador da parlamentar.
Um dos arquivos foi acessado por Zambelli apenas 22 segundos após sua criação por Delgatti, o que, segundo a PGR, sugere um repasse imediato do documento.
Leia também: “Carla Zambelli reclama de “perseguição” em sexta-feira 13”
Mandato cassado
Paralelamente, o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) cassou o mandato de Carla Zambelli por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação.
A decisão, tomada por 5 votos a 2, torna a deputada inelegível por oito anos, a partir de 2022. Apesar da cassação, a parlamentar segue no cargo até o julgamento dos recursos nas instâncias superiores.
Zambelli classificou a decisão como uma tentativa de silenciar os votos de seus eleitores e afirmou que recorrerá.
Nas redes sociais, atribuiu a cassação a uma suposta perseguição política contra conservadores.
Em dezembro do ano passado, o TRE-SP formou maioria para a cassação do mandato da congressista. O julgamento, no entanto, foi suspenso após a juíza Maria Cláudia Bedotti pedir vista.
O relator do processo, José Antonio Encinas Manfré, afirmou que a deputada “conscientemente atuou para difundir informações fraudulentas”. Segundo ele, Zambelli promoveu “incitação de animosidade e hostilidade contra o sistema eleitoral e membros do Poder Judiciário antes e depois do período eleitoral”.
A ação eleitoral (Ação de Investigação Judicial Eleitoral, Aije) foi movida pela deputada Sâmia Bomfim (PSOL).
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Comentários (1)
MARCOS
01.02.2025 14:38CONCORDO.