PF mira ex-servidores da Abin e influenciadores do gabinete do ódio
Operação desvela esquema de espionagem e prende ex-servidores e influenciadores da Abin ligados ao governo Bolsonaro
A Polícia Federal deflagrou uma operação nesta quinta-feira, 11, visando desmantelar uma rede de monitoramento ilegal supostamente operada pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. A operação tem como alvo ex-servidores da agência e influenciadores ligados ao chamado “gabinete do ódio”.
Segundo reportagem do O Globo, quatro pessoas foram presas até agora: Giancarlo Gomes Rodrigues, Matheus Sposito (ex-assessor da Secretaria de Comunicação Social), Marcelo de Araújo Bormevet e Richards Dyer Pozzer. As autoridades ainda estão à procura de um quinto suspeito. Além das prisões, sete mandados de busca e apreensão foram cumpridos, resultando na apreensão de celulares e computadores.
Perfis dos Alvos
- Giancarlo Gomes Rodrigues: Militar do Exército cedido à Abin durante a gestão de Alexandre Ramagem, foi preso por seu envolvimento no monitoramento ilegal de adversários políticos do ex-presidente Bolsonaro.
- Matheus Sposito: Ex-assessor da Secom, também foi preso. Sposito já havia sido investigado pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 por participar de um grupo que defendia o uso de medicamentos sem eficácia comprovada.
- Marcelo de Araújo Bormevet: Ex-chefe do Centro de Inteligência Nacional da Abin, Bormevet teria utilizado a estrutura do órgão para monitorar adversários políticos. Ele foi afastado de seu cargo na Casa Civil no governo Lula por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
- Richards Dyer Pozzer: Empresário investigado na CPI da Covid por disseminar fake news nas redes sociais. Pozzer é gestor de produção industrial.
Detalhes da operação
Os mandados de prisão preventiva e busca e apreensão foram emitidos pelo STF e executados em Brasília (DF), Curitiba (PR), Juiz de Fora (MG), Salvador (BA) e São Paulo (SP).
A operação revelou que membros dos três poderes e jornalistas foram monitorados ilegalmente pelo grupo, que utilizava perfis falsos e divulgava informações falsas. A organização também acessou ilegalmente computadores, telefones e infraestruturas de telecomunicações.
A Polícia Federal informou que os investigados podem ser responsabilizados por crimes como organização criminosa, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, interceptação clandestina de comunicações e invasão de dispositivos informáticos.
Monitoração da Abin
Segundo a PF, a Abin utilizou o programa FirstMile para monitorar a localização de alvos por meio de aparelhos celulares. A ferramenta foi usada para monitorar políticos, jornalistas, advogados e adversários do governo Bolsonaro.
As investigações identificaram Alexandre Ramagem, então diretor da Abin, e Carlos Bolsonaro, vereador do Rio de Janeiro, como suspeitos de participação na “Abin paralela”. Ambos negam as acusações.
A Abin declarou que está colaborando com as investigações da Polícia Federal e do STF sobre as irregularidades no uso do programa de geolocalização entre 2019 e 2021. Em nota, a agência afirmou ser a maior interessada na apuração rigorosa dos fatos.
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