PF inicia investigação de acidente com avião da Voepass
Equipes da PF e Cenipa trabalham para esclarecer as causas do acidente em São Paulo com foco em falhas operacionais e mecânicas
A Polícia Federal (PF) inciou as investigações sobre o trágico acidente aéreo que resultou na queda de um avião turboélice da companhia Voepass, ocorrido em Vinhedo, São Paulo. O desastre resultou na morte de 62 pessoas, entre elas 58 passageiros e quatro tripulantes. O principal papel da PF é determinar as circunstâncias que levaram ao acidente e identificar eventuais responsabilidades criminais.
De acordo com reportagem do O Globo, um relatório preliminar sobre o local do acidente está em fase de elaboração e deve ser concluído até a próxima sexta-feira, 16. Este documento incluirá os resultados das análises forenses realizadas em itens encontrados nos destroços, como celulares, notebooks e bagagens. Essas evidências poderão oferecer pistas importantes para entender os momentos que antecederam a tragédia.
Na fase de depoimentos, a PF já se prepara para ouvir uma série de pessoas-chave, incluindo os proprietários da Voepass, os responsáveis pela manutenção das aeronaves e os operadores das Torres de Comando que estavam em serviço no momento do acidente. Além disso, testemunhas que relataram ter visto o avião cair de uma altura de aproximadamente 4 mil metros e se chocar contra o solo também serão ouvidas pelas autoridades.
Análises das caixas-pretas do avião
Os depoimentos das testemunhas e envolvidos devem ocorrer após a análise dos áudios das caixas-pretas do avião, que já foram extraídos por especialistas do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão vinculado à Força Aérea Brasileira. De acordo com o brigadeiro do ar Marcelo Moreno, que lidera a equipe do Cenipa, os gravadores conseguiram captar “com sucesso” os dados de voz e de voo da aeronave.
Enquanto isso, outra equipe do Cenipa está focada em analisar as peças do avião encontradas no local do acidente. Partes importantes, como motores e cauda, foram enviadas para o laboratório do Cenipa em Brasília, onde serão examinadas para determinar se estavam em pleno funcionamento no momento da queda. Um relatório preliminar sobre essas análises deve ser concluído em até 30 dias.
Entre as possíveis causas do acidente, os investigadores consideram a hipótese de que a aeronave tenha perdido sustentação devido à formação de gelo nas asas. Embora os aviões ATR 72-500, como o envolvido no acidente, sejam equipados com sistemas anti-gelo, os investigadores precisam esclarecer por que as medidas de prevenção não foram eficazes ou não foram implementadas.
Identificação das vítimas do acidente
Simultaneamente, peritos da PF estão envolvidos na identificação das vítimas por meio de exames forenses e análise de material genético, trabalho que está sendo coordenado pelo Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo. Em coletiva de imprensa, o diretor do IML, Vladimir dos Reis, confirmou que as mortes foram instantâneas e que as queimaduras ocorreram após o impacto.
A Polícia Civil de São Paulo também abriu um inquérito para investigar a tragédia, e os resultados das análises do Cenipa deverão ser fundamentais para as conclusões da PF. O relatório final do Cenipa abordará fatores humanos, materiais e operacionais, oferecendo uma visão abrangente sobre as causas do acidente.
Investigações semelhantes no passado, como o caso do Airbus 320 da TAM em 2007 e do Boeing da GOL em 2006, demonstram que esse tipo de inquérito pode levar meses ou até anos para ser concluído. Contudo, cada detalhe investigado será crucial para esclarecer os motivos deste trágico acidente e evitar que eventos similares voltem a ocorrer.
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