Para a PF, militares destruíram decreto golpista de Bolsonaro
O conteúdo foi extraído de uma conversa entre Mauro Cid e Sérgio Cavaliere
Uma troca de mensagens interceptada pela Polícia Federal sugere que um possível decreto, supostamente assinado por Jair Bolsonaro, teria sido destruído por militares. O conteúdo foi extraído de uma conversa entre Mauro Cid e o tenente-coronel Sérgio Cavaliere, na qual aparecem capturas de tela de mensagens enviadas por um usuário identificado apenas como “Riva” – cuja identidade permanece desconhecida pelos investigadores.
Nas mensagens, “Riva” narra detalhes de uma suposta reunião envolvendo Bolsonaro, o então vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos-RS) e generais. Segundo o relato, Mourão teria negociado a saída de Bolsonaro, mencionando um episódio de golpe ocorrido no Peru. Durante essas discussões, os militares teriam decidido destruir o documento assinado pelo ex-presidente, que poderia se tratar do suposto decreto golpista.
Assinatura do 01
“Rasgaram o documento que o 01 assinou”, menciona uma das mensagens, que possivelmente faz referência ao polêmico decreto. Na sequência, há críticas direcionadas ao Alto Comando do Exército, conforme apontado no relatório da investigação.
Ainda nas capturas de tela, “Riva” cita a participação do Almirante Almir Garnier na suposta conspiração. “O Alte Garnier é PATRIOTA. Tinham tanques no Arsenal prontos”, afirma.
Resposta de Mourão
Até o momento, a identidade de “Riva” não foi esclarecida. Procurado para comentar sobre as mensagens, Mourão não respondeu à imprensa. Ele se posicionou na tribuna do Senado e em podcast para seu canal sobre as últimas notícias envolvendo o governo Jair Bolsonaro.
O general do Exército brasileiro questionou a narrativa do golpe divulgada até aqui.
“O que eu vejo nisso tudo é que nós temos um grupo de militares pequeno, a maioria militares da reserva, não vou precisar citar nomes, que em tese, montaram um plano sem pé nem cabeça. Eu não consigo nem imaginar como tentativa de golpe”, comentou.
E completou: “É importante que as pessoas compreendam que tentativa de golpe tem que ter um apoio de parcela expressiva da Força Armada. Ninguém dá golpe no país sem ter a Força Armada”.
O senador detalhou os pontos que considera contraditórios nas informações publicadas acerca da tentativa de golpe investigada. “Essas pessoas [investigados] não tinham comando de tropa. Você olha para os dados divulgados, um plano sem pé nem cabeça, onde teriam armas, mas iriam executar o presidente e o vice-presidente eleitos por envenenamento. […] Me parece que [o plano] jamais teria sido feito por pessoas que tiveram a oportunidade de fazer cursos de especialização dentro do Exército que os capacitaria em muito melhores condições para ações dessa natureza. Então vejo uma fanfarronada”, afirmou Mourão.
Pó de Pirlimpimpim
Para Mourão, há por parte da imprensa uma “busca incensante de envolver o presidente Bolsonaro” na trama golpista. Ele também considera que não há embasamento para o indiciamento do presidente do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto.
“Arma-se esse cenário todo, joga-se um pó de Pirlimpimpim e aí saem 37 pessoas nesse pacote indiciadas”, disse.
O caso integra o inquérito que investiga ações para impedir a posse do presidente Lula. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), enviou o relatório da PF à Procuradoria-Geral da República (PGR). O documento aponta o indiciamento de 37 pessoas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro.
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