O que a pesquisa encomendada pelo DEM revela sobre as eleições de 2022
A pesquisa qualitativa sobre a corrida presidencial de 2022 encomendada pelo DEM ficou pronta nesta semana. Em reunião da executiva nacional do partido, na noite da última segunda-feira, os demistas decidiram não divulgar a íntegra da pesquisa, por enquanto. Mas O Antagonista teve acesso a boa parte dos resultados que foram apresentados...
A pesquisa qualitativa sobre a corrida presidencial de 2022 encomendada pelo DEM ficou pronta nesta semana. Em reunião da executiva nacional do partido, na noite da última segunda-feira, os demistas decidiram não divulgar a íntegra da pesquisa, por enquanto. Mas O Antagonista teve acesso a boa parte dos resultados que foram apresentados.
A pesquisa reforçou que há espaço para uma terceira via e que existe, sim, um movimento consistente “nem Bolsonaro, nem Lula”, embora o eleitor ainda não consiga enxergar quem exatamente poderia quebrar essa polarização.
Os brasileiros, segundo a pesquisa, estão com sentimentos difusos para 2022, incluindo “indignação” e “esperança”, assim mesmo antagonicamente. De maneira geral, a pesquisa mostrou que o eleitor está com a visão de que o país está “bagunçado”, com “instituições confusas” e “falta de entendimento”.
No eleitorado mais bolsonarista, a narrativa do atual presidente reverbera e esse público culpa “imprensa” e “STF”, basicamente, pela atual “baderna” no Brasil. Mas há uma compreensão, entre os apoiadores de Bolsonaro, de que, ainda que seja “sincero” e “franco”, o presidente poderia “falar menos”, por exemplo. No eleitorado mais à esquerda, todos os dedos estão apontados para o presidente e ele é o culpado por tudo ou quase tudo.
Para a construção de uma eventual terceira via, o que importa é o pensamento do eleitor que se define como “moderado” e “de centro”. Estes dividem a responsabilidade sobre o atual momento do país entre Congresso e Palácio do Planalto.
Entre as mulheres, a pesquisa do DEM indicou que há uma rejeição considerável e crescente a Jair Bolsonaro. Segundo uma fonte do partido, quase 70% das eleitoras que participaram da pesquisa não querem votar no atual presidente.
No público evangélico, percebeu-se a confirmação de uma base de apoio a Bolsonaro, mas a fidelidade ao presidente varia a depender da escolaridade desse eleitor. Evangélicos com escolaridade mais alta tendem a não considerar Bolsonaro alguém que “preze pela família” ou mesmo um “cristão autêntico”.
Sobre a volta de Lula à cena política, a pesquisa indicou que muitos eleitores, com uma certa “nostalgia”, consideram o petista no páreo por associar os seus governos a um cenário de “comida no prato” e a um momento econômico mais pujante do país.
A pesquisa trouxe, ainda, a constatação de que os brasileiros temem o desemprego e, para a surpresa dos que analisaram os dados, não acreditam que a democracia brasileira esteja ameaçada. Há uma opinião forte, revelada pelos dados, contrária à participação de militares em governos — provavelmente uma influência do efeito Eduardo Pazuello.
O diagnóstico, na avaliação de caciques do DEM, é de que há um espaço a ser explorado, sobretudo, em um eleitorado que se diz apoiador da operação Lava Jato e que fala em “anular voto” caso a polarização entre PT e Jair Bolsonaro realmente se repita no ano que vem.
Fontes demistas afirmaram que a pesquisa deixou claro que há um público que votou em Bolsonaro em 2018 por repulsa ao PT, mas que se mostra “desiludido”. É essa faixa do eleitorado que se tentará seduzir, deixando de lado a busca de “conversão de já convertidos” ao bolsonarismo e ao petismo, acrescentou uma liderança do DEM.
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