O PT que não perdoa Marta Suplicy
Os petistas devem chancelar a refiliação da ex-prefeita, que retornou para compor chapa com Guilherme Boulos em São Paulo, mas a ferida claramente seguirá aberta
A direção nacional do PT julga nesta terça-feira, 26, o pedido de impugnação da refiliação de Marta Suplicy (à direita na foto) ao partido. Os petistas devem chancelar a volta da ex-prefeita, informa a Folha de S.Paulo, mas a ferida claramente seguirá aberta.
A secretária nacional de organização do partido, Sonia Braga, decidiu em seu parecer “negar provimento à impugnação e aprovar a filiação da Ex-prefeita Marta Suplicy ao PT”. Autor do pedido de impugnação, Valter Pomar, que lidera a tendência interna Articulação de Esquerda, rebateu em seu blog, pedindo voto contra o parecer.
Segundo Pomar, “o parecer da secretária nacional de organização – muito sintomaticamente – não contesta absolutamente nenhum dos argumentos constantes da impugnação”.
Marta voltou ao PT pelas mãos de Lula (à esquerda na foto) para compor a chapa do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) à Prefeitura de São Paulo.
A ficha de Marta
“Acontece que Marta não respeitou o PT quando saiu do Partido, nos acusando como fez na já citada carta. Ela não respeitou o eleitorado petista, nem o povo brasileiro, quando votou pelo impeachment [de Dilma Rousseff]. Ela não respeitou o PT, nem a classe trabalhadora, quando votou nas contrarreformas de Temer. Sem falar no que Marta disse e fez nas campanhas eleitorais de 2016, 2018 e 2020, notadamente contra as candidaturas petistas que disputaram aquelas eleições”, desabafou o dirigente petista.
“Obviamente, fazer autocrítica, ou pelo menos dar uma singela explicação, não impediria a ocorrência de novos desrespeitos. Mas aceitar que Marta se filie ao PT, sem que ela nada diga a respeito do que cometeu desde que se desfiliou, é temerário, pois passar o pano nos malfeitos é estimular que eles voltem a ocorrer”, segue Pomar, destacando, como fez O Antagonista à época, que “no ato de 2 de fevereiro de 2024, a própria Marta Suplicy não disse absolutamente nada a respeito do que fez a partir de 2015”.
“Nos traiu”
Pomar pede voto contra o parecer de Braga, “pois aceitar este parecer, aceitar a filiação de quem fez o que Marta Suplicy fez, argumentando que isso seria supostamente necessário para ganhar a eleição de 2024, abre um precedente que significa, na prática, tratar nosso partido como se fossemos uma mera legenda, cujos procedimentos internos estão totalmente subordinados às dinâmicas eleitorais”.
“Afinal, uma coisa é fazer uma aliança com inimigos de nossos inimigos; outra coisa é
trazer para dentro do nosso Partido quem nos traiu, sem nem ao menos pedir uma explicação a respeito. Caso prevaleça, um dos desdobramentos deste tipo de atitude será estimular futuras traições e descaminhos. Outro potencial desdobramento será contribuir para a desmoralização de uma parte da militância”, finalizou.
Enfim, o clima parece ótimo no PT de São Paulo.
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