O mandato de Jorge Seif vai ficar pendurado por quanto tempo?
Julgamento sobre a cassação do senador, acusado de ter sido beneficiado irregularmente pelas Lojas Havan, foi adiado duas vezes, e já surgem rumores de que pode parar de novo
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não marcou sessão para retomar o julgamento sobre o mandato do senador Jorge Seif (PL-SC). O caso começou a ser julgado em 4 de abril e, desde então, já foi adiado por duas vezes — uma delas porque o relator do caso não apareceu.
Agora, o portal Uol noticia que o julgamento sobre a acusação de abuso de poder econômico apresentada contra o senador pode ficar pendurado no TSE até a poeira da agitação política passar.
“Integrantes do tribunal esclarecem, em caráter reservado, que a decisão será técnica e o fator político não influenciará no julgamento. Ou seja, se houver prova suficiente de que Seif cometeu abuso de poder econômico, ele perderá o mandato. No entanto, se o entendimento for esse, o mais provável é que um dos ministros peça vista para adiar a decisão para um momento de menos tensão institucional – e, dessa forma, evitar mais gastaste político do tribunal”, informa a colunista Carolina Brígido.
O cálculo lembra a “leitura política“ confessada em entrevista pelo decano do STF, Gilmar Mendes, ao comentar por que mudou de interpretação sobre a prisão após condenação em segunda instância. Agora, depois de confrontar o bolsonarismo, a cúpula do Judiciário brasileiro estaria calibrando a rigidez, em meio às controvérsias sobre foro privilegiado e porte de drogas.
André Mendonça vem aí
A depender da demora para terminar o julgamento do caso de Seif, acusado de ter se beneficiado da estrutura das Lojas Havan em sua campanha, seu destino pode mudar junto com a presidência do TSE. O ministro André Mendonça assume o lugar de Alexandre de Moraes no início de junho, e Brasília espera uma mudança na relação de forças no tribunal, como destacou O Globo.
Moraes comanda com mão de ferro os rumos eleitorais do país desde 2022, inclusive na cassação de diversos mandatos, como o de deputado de Deltan Dallagnol e o de Ari Vequi, que, segundo o TSE, se elegeu prefeito de Brusque (SC) com o auxílio irregular de Luciano Hang, da Havan.
É difícil imaginar, depois de tudo o que ocorreu nos últimos meses, que Moraes deixará o TSE sem julgar o caso de um parlamentar bolsonarista. Mas tudo dependerá da “leitura política” dos juízes.
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