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O apagão decisório da cúpula da segurança do DF no 8/1

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6 minutos de leitura 08.01.2024 10:18 comentários
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O apagão decisório da cúpula da segurança do DF no 8/1

Conversas em grupo de mensagens da cúpula de segurança do Distrito Federal mostram que as autoridades de Brasília sabiam das ameaças de 8 de janeiro de 2023, embora não tenham adotado medidas cabíveis para impedir a invasão das sedes dos três Poderes...

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O apagão decisório da cúpula da segurança do DF no 8/1
Foto: Joedson Alves/Agência Brasil

Conversas em grupo de mensagens da cúpula de segurança do Distrito Federal mostram que as autoridades de Brasília sabiam das ameaças de 8 de janeiro de 2023, embora não tenham adotado medidas cabíveis para impedir a invasão das sedes dos três Poderes, registrou o Estadão.

Em reunião realizada em 6 de janeiro de 2023, as autoridades de segurança decidiram que o grupo de WhatsApp “Perímetros” serviria para troca de informações necessárias sobre “monitoramento” de manifestantes e “acionamento” de equipes. Ao todo, 31 pessoas estavam no grupo, incluindo a coronel Cíntia de Castro, subsecretária de Operações Integradas da Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP-DF), o delegado Fernando de Sousa Oliveira, secretário-executivo da SSP-DF, e a delegada Marília Alencar, chefe da seção de Inteligência da secretaria, todos subordinados a Anderson Torres, ex-secretário de Segurança Pública do DF.

Também participavam os coronéis Fábio Augusto Vieira, comandante da PM, Edvã de Oliveira Sousa, comandante do policiamento de trânsito, e Marcelo Casimiro Rodrigues, comandante do 1º Comando de Policiamento Regional (CPR) e responsável pela ação de policiamento na região central de Brasília.

7 de janeiro de 2023

Um dia antes das invasões às sedes dos três Poderes, um servidor identificado como capitão Júnior, do serviço de Inteligência do 1º CPR, relatou a chegada de ônibus ao acampamento montado em frente ao quartel-general do Exército às 2h01.

Às 8h11, Marília Alencar relatou que um grupo ligado a uma manifestante monitorada pelos serviços de inteligência saiu de Goiânia em direção a Brasília.

“Quésia não embarcou. Ficou só na organização, mas pode ser que venha depois, até de carro, dada a proximidade Goiânia-Brasília. Estão trazendo ao menos 4 pés de cabra”.

“Quésia é conhecida por manifestações extremistas, com apologia ao assassinato do PR. Há informe que o grupo tem intenção de atos violentos e estariam transportando vários pés de cabra. Presumem-se armados. Entre os dois ônibus organizados por Quésia, há aproximadamente 70 manifestantes. Esse grupo pediu que pessoas com mobilidade reduzida e idosos não se voluntariassem”, escreveu a coronel Cíntia de Castro às 10h02.

Às 13h10, o coronel Marcelo Casimiro Rodrigues solicitou ao Ministério das Relações Exteriores e ao STF para disponibilizarem gradis de ferro. “A PMDF colocou as barreiras de trânsito, mas não são adequadas para segurar o público.”

Segundo relatório da Polícia Federal, a cúpula da PF e a Secretaria de Segurança do DF divergiram sobre os preparativos para os atos previstos para 8 de janeiro.

Enquanto o diretor-geral, Andrei Rodrigues, entendia que “a movimentação seria por si só um ato criminoso, pois atentaria contra o Estado Democrático de Direito”, a equipe de Anderson Torres tratava o movimento como “uma simples manifestação de cunho pacífico”.

Às 18h05, a coronel Cíntia de Castro compartilhou o vídeo de um manifestante afirmando ter o apoio do Exército para tomar a Esplanada.

“Falando de descer hoje à noite a Esplanada! Vamos ficar atentos, senhores”, disse a coronel.

Às 23h17, o secretário-executivo do DF Fernando Oliveira perguntou:

“Senhores/as, qual a última parcial das ruas? Tudo dentro da normalidade, do esperado?”.

O chefe do 1º CPR, Marcelo Casemiro, respondeu que não havia problemas.

“Tudo normal. Sem problemas. Estamos atentos nas ruas, PMDF em condições. Todos bem orientados”, disse.

8 de janeiro de 2023

Desde o início de 8 de janeiro, os integrantes do grupo de WhatsApp “Perímetros” receberam relatos sobre a possibilidade de invasão dos três Poderes.

O coronel Jorge Henrique Pinto, do setor de Inteligência da SSP-DF, disse, às 8h50, que os manifestantes falavam em caminhar para a Esplanada “logo após o almoço com suas mochilas”.

“Alguns incrementam os discursos dizendo que não devem mais jogar nas ‘quatro’ linhas da CF (Constituição Federal)”, escreveu.

“Estão conclamando mais pessoas pelos grupos de WhatsApp”, disse o capitão Júnior, da Inteligência do DF, às 10h16.

“Acabaram de falar que vão esperar MUITAS caravanas que estão chegando e pediram pra ninguém descer individualmente.”

“Alguns manifestantes demonstram animosidade e falam em tomada de poder”, acrescentou o capitão Júnior, às 12h36.

Após os primeiros relatos de deslocamento dos manifestantes em direção à Praça dos Três Poderes, às 13h08, o representante da Segurança do Senado, Gabriel Dias, questionou se haveria revista na barreira, mas não obteve resposta.

“Ripas com pregos, altura do primeiro ministério norte, logo após a linha de revista”, escreveu o capitão Júnior às 14h12. “Há pessoas portando fogos de artifício em mochilas.”

Entre 15h28 e 16h01, o capitão Júnior enviou 14 mensagens narrando o início da invasão.

“Invadiram a (via) S1. Correndo em direção ao STF. Três pessoas aparentemente feridas próximo ao STF. Estão invadindo a área do STF pela retaguarda”, escreveu.

“Atualização: manifestantes quebraram os vidros e invadiram o Salão Branco do STF. Invasão do Supremo ocorrendo. Diversos manifestantes subindo. Muita gente descendo N1 e S1. Destruição no Planalto. Manifestantes vibrando com a invasão ao STF. Escreveram: Perdeu mané!. STF totalmente tomado. Depredação do prédio todo.”

O que disseram os membros do grupo “Perímetros”

O delegado Fernando de Sousa Oliveira, secretário-executivo da SSP-DF, disse, em depoimento à CPI dos Atos Antidemocráticos do DF, que a Polícia Militar errou ao executar o planejamento.

“A PM deveria manter reforço de efetivo nas adjacências, nos prédios públicos, na rodoviária e em todo perímetro. Era para manter todo o reforço de efetivo. As ações acordadas na sexta-feira não foram cumpridas”, afirmou.

A coronel Cíntia de Castro, subsecretária de Operações Integradas da SSP-DF, disse à CPI que não houve falha no planejamento.

“Foi realizado (o planejamento) considerando o nível máximo de ameaça. Não houve falha no planejamento. Houve falha na execução”, afirmou.

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