O agro vai com Jair Bolsonaro?
A Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), uma das mais influentes do Congresso, decidiu que vai marcar encontros para ouvir as propostas para o setor dos pré-candidatos à Presidência da República. Na busca pela reeleição, Jair Bolsonaro, que colocou em seu Ministério da Agricultura uma ex-presidente da FPA...
A Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), uma das mais influentes do Congresso, decidiu que vai marcar encontros para ouvir as propostas para o setor dos pré-candidatos à Presidência da República.
Na busca pela reeleição, Jair Bolsonaro, que colocou em seu Ministério da Agricultura uma ex-presidente da FPA, Tereza Cristina, espera contar com o apoio, ainda que tácito, da bancada ruralista.
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O Antagonista ouviu na manhã desta quarta-feira (2) alguns integrantes da diretoria da frente parlamentar sobre a corrida presidencial deste ano.
O deputado Sérgio Souza (MDB-PR), atual presidente da FPA, disse que ainda vê uma maioria do agro favorável a Bolsonaro. “Temos parcela significativa que apoia outros candidatos, mas vejo que o agro é muito mais Bolsonaro.”
Na avaliação de Souza, o presidente ainda se destaca entre os produtores porque “fala a linguagem do agro”. O deputado citou alguns temas sobre os quais, desde o início do mandato, Bolsonaro verbaliza o que o agro gosta de ouvir: direito de propriedade, invasão de terras, atuação do MST e outros movimentos, porte e posse de armas e demarcação de terras indígenas.
O deputado Hildo Rocha (MDB-MA), responsável pelas relações internacionais da FPA, afirmou que “tem um grupo muito grande de bolsonaristas no agro, mas esse número vem diminuindo” ao longo do governo. “Pela [falta de] desenvoltura do mandato dele mesmo, pelo desempenho dele como presidente”, acredita o parlamentar, que avalia ser Sergio Moro a segunda opção de voto da maioria dos produtores. “Petista tem muito pouco”.
Rocha acrescentou que, no entender dele, as melhores condições para as exportações e o discurso de Bolsonaro contra “perseguições” atribuídas a órgãos como o Ibama também contribuíram para que o presidente formasse uma base de apoio no agro. “Pesou muito essa história de combater as perseguições do Ibama, de acabar com aquelas operações espetaculares que prejudicavam o agro, colocando o agro como se fosse algo ruim para o meio ambiente”.
O deputado Evair de Melo (PP-ES), segundo-vice-presidente da FPA na Câmara, disse estar certo de que o apoio à reeleição de Bolsonaro é posição majoritária no setor. “É um apoio absoluto, sólido e que vem aumentando. Você acha que, se eu tivesse uma percepção diferente disso, eu teria a convicção de defender o governo como estou defendendo?”, perguntou ele, que, em maio de 2020, assumiu uma das vice-lideranças do governo Bolsonaro na Câmara.
“O presidente sempre se colocou ao lado do agro. Nunca deixou dúvida sobre isso. E essa palavra vale. Para o agricultor, palavra vale. Se tem um setor que vai para a campanha [a favor de Bolsonaro], é o agro”, acrescentou Melo, que também atribuiu esse apoio a declarações de Bolsonaro durante a pandemia. “O presidente dizia sempre que a agricultura não podia parar”.
No 7 de Setembro do ano passado, setores do agro se mobilizaram para apoiar o governo Bolsonaro, sobretudo na manifestação em Brasília (foto). Em outubro, a sede da Aprosoja, uma das entidades que apoiaram o movimento, foi invadida e vandalizada por movimentos sociais de esquerda.
No fim de 2021, em coletiva para o balanço do ano, o presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), João Martins, questionado por O Antagonista, disse que o apoio de setores do agronegócio a Bolsonaro “foi questão de momento”.
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