O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou nesta quarta-feira, 19, que não existem no Brasil perseguições políticas ou presos e exilados políticos. A afirmação foi feita durante seu discurso na sessão solene em homenagem aos 40 anos da redemocratização no país, no plenário da Câmara.

“Nos últimos 40 anos, não vivemos mais as mazelas do período em que o Brasil não era democrático. Não tivemos jornais censurados, nem vozes caladas à força. Não tivemos perseguições políticas, nem presos ou exilados políticos. Não tivemos crimes de opinião ou usurpação de garantias constitucionais. Não mais, nunca mais”, declarou Motta no evento.

A fala ocorre um dia depois de o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) anunciar que vai se licenciar da Câmara e permanecer nos Estados Unidos, alegando ser vítima de perseguição política. Na terça-feira, após o anúncio, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), rejeitou o pedido dos deputados federais Lindbergh Farias (PT-RJ) e Rogério Correia (PT-MG) para a apreensão do passaporte de Eduardo. A decisão seguiu o posicionamento do procurador-geral da República (PGR), Paulo Gonet, que se manifestou contra a solicitação.

Na mesma data, em visita ao Senado, o ex-presidente Jair Bolsonaro, pai de Eduardo, disse que o filho “se afasta para combater algo parecido com o nazifascismo que cada vez mais avança em nosso país”.

Já nesta quarta-feira, o novo presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, o bolsonarista Filipe Barros (PL-PR), chamou de “ato heroico” a decisão de Eduardo Bolsonaro de se licenciar e ficar no território americano e disse que ele “se exila para fugir de uma iminente perseguição às suas liberdades e de sua família”. As falas de Jair e de Barros também vão na contramão da declaração de Motta.