Ministros do Supremo manifestaram a interlocutores surpresa com a saída de Fernando Azevedo do Ministério da Defesa. Um deles disse que a demissão é uma “péssima notícia”.

Azevedo assessorou Dias Toffoli quando o ministro presidiu o Supremo e, desde que saiu para comandar as Forças Armadas, era uma das pontes de Jair Bolsonaro com os ministros.

Falava praticamente com todos, especialmente em momentos de tensão. Era quem “acalmava” os ministros quando o presidente insinuava medidas autoritárias.

Isso ocorreu no ano passado, quando apoiadores e auxiliares de Bolsonaro passaram a falar em intervenção militar no Supremo, com base numa interpretação equivocada do artigo 142 da Constituição, segundo a qual as Forças Armadas seriam um “poder moderador”.

A intervenção passou a ser defendida em razão de uma série de medidas do STF que incomodaram o presidente: a investigação de bolsonaristas no inquérito das fake news; a decisão de Alexandre de Moraes que barrou a nomeação de Alexandre Ramagem para a PF; a divulgação da reunião ministerial em abril; e o pedido da oposição para apreensão do celular de Bolsonaro.

Em todos esses episódios, Azevedo atuou como bombeiro. A partir de agora, o ambiente é de apreensão entre ministros, que não sabem se o substituto saberá aconselhar Bolsonaro a manter uma relação amistosa com a Corte.