O Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT) divulgaram ontem nota de repúdio à declaração de Jair Bolsonaro no sábado de que “um país que tem um Ministério Público do Trabalho atrapalhando não tem como ir para frente”.

A frase foi dita pelo deputado após contar ter conversado com um piscicultor em Catanduva (SP) sobre as dificuldades que enfrenta, citando “imposto, energia cara e licença ambiental”.

O procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Curado Fleury, e o vice-presidente da ANPT, Helder Santos Amorim, afirmaram que as reclamações do piscicultor “não guardam qualquer relação com as atribuições” do órgão, que a declaração de Bolsonaro é “inadmissível” e que ela revela “desprezo institucional e preconceito contra os direitos sociais dos trabalhadores brasileiros”.

“O candidato demonstra descaso com uma das mais importantes conquistas do processo de redemocratização do país”, diz a nota, que destaca o combate ao trabalho escravo e infantil, e a promoção da liberdade sindical, entre outras atividades de procuradores que, “não raro, atraem a ira de parcela do poder econômico sem compromisso com os direitos sociais e individuais”.