Milton Ribeiro: Bolsonaro não pediu atendimento preferencial a ninguém
O ministro da Educação, Milton Ribeiro, negou há pouco, por meio de nota oficial, que tenha facilitado acesso a recursos da pasta após eventuais pedidos do presidente Jair Bolsonaro. Como registramos mais cedo, áudios obtidos pela Folha de S.Paulo...
O ministro da Educação, Milton Ribeiro, negou há pouco, por meio de nota oficial, que tenha facilitado acesso a recursos da pasta após eventuais pedidos do presidente Jair Bolsonaro.
Como registramos mais cedo, áudios obtidos pela Folha de S.Paulo revelam como o governo Bolsonaro dá prioridade a prefeituras em que pedidos de liberação de verba são negociados por pastores.
O próprio ministro da Educação deixa isso claro em uma das gravações ao afirmar a um dos prefeitos em reunião no Ministério da Educação que o encontro “foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar”.
“Diferentemente do que foi veiculado, a alocação de recursos federais ocorre seguindo a legislação orçamentária, bem como os critérios técnicos do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE). Não há nenhuma possibilidade de o ministro determinar alocação de recursos para favorecer ou desfavorecer qualquer município ou estado”, disse o ministro.
“Registro ainda que o Presidente da República não pediu atendimento preferencial a ninguém, solicitou apenas que pudesse receber todos que nos procurassem, inclusive as pessoas citadas na reportagem. Da mesma forma, recebo pleitos intermediados por parlamentares, governadores, prefeitos, universidades, associações públicas e privadas. Todos os pedidos são encaminhados para avaliação das respectivas áreas técnicas, de acordo com legislação e baseada nos princípios da legalidade e impessoalidade”, acrescentou.
Após a revelação da Folha, deputados estão pressionando o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), a convocar o ministro a prestar esclarecimentos. Ele também foi alvo de duas queixa-crime na Procuradoria-Geral da República por suposta prática de ato de improbidade administrativa e crime de tráfico de influência.
Leia na íntegra a manifestação do ministro da Educação:
Diferentemente do que foi veiculado, a alocação de recursos federais ocorre seguindo a legislação orçamentária, bem como os critérios técnicos do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE).
Não há nenhuma possibilidade de o ministro determinar alocação de recursos para favorecer ou desfavorecer qualquer município ou estado.
Registro ainda que o Presidente da República não pediu atendimento preferencial a ninguém, solicitou apenas que pudesse receber todos que nos procurassem, inclusive as pessoas citadas na reportagem. Da mesma forma, recebo pleitos intermediados por parlamentares, governadores, prefeitos, universidades, associações públicas e privadas. Todos os pedidos são encaminhados para avaliação das respectivas áreas técnicas, de acordo com legislação e baseada nos princípios da legalidade e impessoalidade.
Desde fevereiro de 2021, foram atendidos in loco 1.837 municípios em todas as regiões do País, em reuniões eminentemente técnicas organizadas por parlamentares e gestores locais, registradas na agenda pública do Ministério, estabelecendo relação direta entre o MEC e os entes federados. Os atendimentos técnicos, conduzidos por servidores da autarquia, permitem esclarecimento dos procedimentos para planejamento e acesso aos recursos disponibilizados via FNDE, por meio do Plano de Ações Articuladas (PAR 4).
Seguindo os princípios de transparência, integridade e governança, obedecendo orientação dos Órgãos de Controle Federais (CGU e TCU), esta gestão apresentou o Painel de Investimentos, buscando o aperfeiçoamento da gestão dos recursos públicos, pois muitos prefeitos ainda desconhecem sua carteira de projetos e quais recursos estão disponíveis em suas contas. O Painel está disponível a qualquer cidadão que deseja acompanhar os recursos de seu município.
Independente de minha formação religiosa, que é de conhecimento de todos, reafirmo meu compromisso com a laicidade do Estado, compromisso esse firmado por ocasião do meu discurso de posse à frente do Ministério da Educação. Ressalto que não há qualquer hipótese e nenhuma previsão orçamentária que possibilite a alocação de recursos para igrejas de qualquer denominação religiosa.
Por fim, reafirmo o meu compromisso republicano de exercer as atribuições desta Pasta em prol do Interesse Público e do futuro da Educação do Brasil.
Milton Ribeiro
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