Josias Teófilo na Crusoé: “São Paulo imaginária”
Se existe uma cidade em que a modernidade triunfou é São Paulo. E isso aconteceu na arquitetura, no urbanismo, nas artes plásticas, na literatura.
Se existe uma cidade em que a modernidade triunfou é São Paulo. E isso aconteceu na arquitetura, no urbanismo, nas artes plásticas, na literatura.
Até o cartão postal da cidade é moderno, o Masp. Mas será que as coisas poderiam ter sido diferentes?
A cidade já foi palco de um duro embate entre a arquitetura de matriz clássica ou histórica e a arquitetura moderna. O curso de arquitetura da faculdade Mackenzie, primeiro da cidade, criada pelo arquiteto Christiano Stockler das Neves, costumava agregar os adeptos do ecletismo arquitetônico. A Faculdade de Arquitetura da USP, por sua vez, era o centro irradiador da arquitetura moderna — na verdade ainda é hoje em dia.
Alguns dos mais importantes prédios ecléticos da capital paulista foram projetados por Christiano Stockler das Neves e seu pai, Samuel Neves. São eles: os Palacetes Prates, que ficavam no lugar da atual Prefeitura de São Paulo e no lugar dos arranha-céus ao lado (projetados por Samuel Neves); a Estação Sorocabana (onde hoje é a Sala São Paulo); o Edifício Sampaio Moreira; e o Edifício Palacete Riachuelo na Praça da Bandeira.
A coisa que os modernistas mais odiavam era a arquitetura eclética. O ódio era recíproco: Christiano Stockler dizia que a arquitetura moderna não era uma linguagem artística, por seu caráter eminentemente funcionalista, pelo abandono da tradição e pela padronização.
Os modernistas o consideravam um tradicionalista. Mas foi ele que construiu alguns dos primeiros arranha-céus de São Paulo, usando concreto armado, uma inovação e tanto — o já citado Edifício Sampaio Moreira, virado para o Vale do Anhangabaú.
Christiano Stockler das Neves foi praticamente esquecido. Não existem documentários sobre suas obras. Poucos são os estudos acadêmicos sobre sua atuação, ainda mais se comparado ao que existe sobre os arquitetos modernistas. O modernismo triunfou.
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