Josias Teófilo na Crusoé: O cinema brasileiro que poderia ter sido e não foi
O país estava à beira da Revolução de 1930. Um político paulista (Tarcísio Meira) mantinha um bordel para si próprio e para influenciar políticos, com o objetivo de se tornar presidente da República. Lá mora a sua preferida, Anna (Vera Fischer), que sonha em casar-se com ele, mas enfrenta um empecilho...
O país estava à beira da Revolução de 1930. Um político paulista (Tarcísio Meira) mantinha um bordel para si próprio e para influenciar políticos, com o objetivo de se tornar presidente da República. Lá mora a sua preferida, Anna (Vera Fischer), que sonha em casar-se com ele, mas enfrenta um empecilho: a chegada do filho de 12 anos, um menino que passa a ser desejado pelas outras prostitutas da casa, incluindo Tamara (Xuxa), que ainda por cima ameaça tomar o seu lugar de preferida, por ser mais jovem e recém-chegada de Santa Catarina.
Esse é o enredo de Amor Estranho Amor, filme de 1982 que não raro é referido nas redes sociais como “o filme pornô da Xuxa”. É uma injustiça muito grande; não se trata nem de longe de um filme pornô. O filme tem um elenco de estrelas: Tarcísio Meira, Mauro Mendonça, Vera Fischer e Xuxa, que na época tinha 17 anos — antes se tornar a Rainha dos Baixinhos. A ironia do destino causou muitos problemas para Xuxa, que entre 1991 e 2018 conseguiu vetar a comercialização do filme, até que desistiu de pagar pelos direitos. A obra foi exibido pela primeira vez na TV em 2021, no Canal Brasil.
Amor Estranho Amor é obra de um diretor incontornável do cinema brasileiro, Walter Hugo Khouri, cujos filmes estão sendo exibidos em retrospectiva na Cinemateca Brasileira até 20 de agosto. Walter Hugo Khouri nasceu em 1929 em São Paulo, no bairro de Vila Mariana — onde hoje fica a Cinemateca Brasileira —, e morreu em 2003 também em São Paulo, cidade que retratou em vários dos seus 26 filmes, feitos entre 1950 e 1998.
Uma série de incompreensões foi se acumulando sobre o cineasta. Ele foi chamado de direitista, acusavam sua obra cinematográfica de ser alienada. Os motivos: não fazer um cinema engajado (à esquerda) e nos moldes do Cinema Novo e também não militar na esquerda.
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