J. Teixeira na Crusoé: O valor da justiça, o custo da injustiça e vice-versa
A lei ainda está longe de imperar no país, mas o presidente e um ministro do STF parecem bem satisfeitos com a eficiência do judiciário
Lula estava bem tranquilo com a demora na resolução dos homicídios de Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes. Foi o que ele disse em fevereiro, numa entrevista coletiva em Adis Abeba, capital da Etiópia: “Sabe quantos anos eu estou esperando o mandante do crime da Marielle? Seis. E não estou com pressa de dizer quem foi. Eu quero achar. Quando eu achar, vou dizer ‘foi Fulano de Tal’”.
Foi uma declaração espantosa por seu componente de megalomania. Reparem que o presidente da República quase tomou para si o papel de investigador, prometendo que daria o nome do mandante assim que o identificasse (“quando eu achar, vou dizer”). Pouco mais de um mês depois, coube à Polícia Federal apresentar ao país os prováveis arquitetos do assassinato de Marielle e Gomes. O relatório da investigação, esmiuçado por Wilson Lima na Crusoé da semana passada, aponta para os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, figurões da política carioca, e para o delegado Rivaldo Barbosa.
Foi também uma declaração indecente, pelo paralelo que traçou entre um duplo homicídio que a polícia brasileira até então não havia solucionado e o assassinato de um prisioneiro político cometido por uma ditadura. Pois o presidente viajante não havia sido questionado sobre o caso Marielle: ele respondeu a uma pergunta do repórter Américo Martins, da CNN, sobre a morte de Alexei Navalny, opositor de Putin, em uma presídio no Ártico. Lula pediu que se concedesse tempo para que os legistas russos apresentassem suas conclusões – como se fosse possível confiar nelas. O assassinato da vereadora carioca entrou na conversa para isentar um regime autocrático de responsabilidade sobre a vida dos dissidentes que encarcera.
Lula invocou as protelações do caso de Marielle para dar um verniz de normalidade aos crimes da ditadura de Putin. No entanto, o atraso das autoridades para chegar ao nome dos mandantes não teve nada que se deva considerar “normal”. O relatório da PF diz que…
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