Nesta segunda-feira, duas irmãs, Jessica de Azevedo Celestino, 21 anos, e Vitória de Azevedo Celestino, de 20 anos, foram presas em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, acusadas de terem tentado matar sua própria mãe.

As irmãs foram detidas enquanto dormiam em casa. Segundo informações da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Nova Iguaçu, a mãe das acusadas procurou a unidade no último sábado (24) estando em um estado de grande fragilidade física e emocional. A vítima estava tão debilitada que os plantonistas precisaram chamar uma ambulância para prestar auxílio, e apenas algumas horas depois ela conseguiu prestar declarações, sempre acompanhada da mãe.

Um ataque brutal

Em seu depoimento, a vítima relatou que foi arrastada até o quarto pelas filhas, onde recebeu socos e foi sufocada com um pano na boca e no nariz. A mãe afirmou também que Vitória ria durante o ataque e Jessica a ameaçava dizendo: “Vou te matar, sua filha da p*ta!!!”. As agressões só foram interrompidas quando o companheiro da vítima ouviu os gritos e correu para ver o que estava acontecendo.

Além do terrível relato, a vítima apresentou à polícia áudios enviados pelas filhas, contendo ameaças, mesmo após ela ter prestado queixa. Desde o acontecimento, a mãe estava abrigada na casa da avó das acusadas.

Tentativa de feminicídio

A delegada Mônica Areal, titular da Delegacia de Atendimento à Mulher de Nova Iguaçu, decidiu enquadrar o caso como tentativa de feminicídio. A lei 13.104, de 9 de março de 2015, incluiu o feminicídio como qualificador do crime de homicídio e no rol dos crimes hediondos.

“O feminicídio não é só entre homem e mulher, ele também se dá com a mulher sendo autora. Se fosse um filho contra a mãe, não haveria esse questionamento. Existe a relação de afeto, elas vivem na casa da mãe e existe a vulnerabilidade da mãe. Não importa se o autor é homem ou uma autora mulher, o que importa é que tenha uma relação doméstica, familiar”, explicou a delegada.

A situação do Feminicídio no RJ

O estado do Rio de Janeiro registrou 111 vítimas de feminicídio em 2023, sendo a maioria mulheres negras. Foi registrada uma prevalência de violência psicológica, com 43.594 casos.

Segundo o Dossiê Mulher, o RJ teve 125 mil mulheres vítimas de violência em 2023, o que mostra a importância do debate e das ações em relação a violência contra a mulher.