Em depoimento à Polícia Federal, Walter Delgatti Neto (foto) afirmou que se encontrou com Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada e que o ex-presidente lhe perguntou se, munido do código fonte, o hacker conseguiria invadir uma urna eletrônica. Delgatti foi preso nesta quarta-feira (2) pela Polícia Federal (PF) na Operação 3FA, que investiga a invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e a inserção de documentos e alvarás de soltura falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP).

“(…) Que apenas pode afirmar que a Deputada Carla Zambelli esteve envolvida nos atos do declarante, sendo que o declarante, conforme saiu em reportagem, encontrou o ex-Presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Alvorada, tendo o mesmo lhe perguntado se o declarante, munido do código fonte, conseguiria invadir a Urna Eletrônica“, diz trecho do depoimento que consta da decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a operação da PF.

Delgatti acrescentou que a invasão não foi adiante porque o acesso que recebeu do TSE valia apenas na sede do Tribunal, e que ele não poderia ir até lá.

Em entrevista coletiva nesta manhã, a deputada Carla Zambelli (PL-SP) tentou descolar a imagem de Bolsonaro de Delgatti. Segundo ela, o objetivo da investigação seria envolver o ex-presidente no caso.

Zambelli também foi alvo da operação. A deputada teve quatro endereços visitados por agentes da PF, que levaram seu passaporte, dois celulares e um HD externo. Ela admitiu que pagou R$ 3 mil ao hacker para serviços em seu site, mas o despacho de Moraes que embasa a operação de hoje fala em pagamentos de ao menos R$ 13,5 mil.

A deputada disse também que chegou a cogitar arrumar um emprego para Delgatti no PL, mas que desaconselhou o presidente do partido, Valdemar Costa Neto, a contratá-lo, porque tinha dúvidas sobre sua ideologia.