Governo de São Paulo apresenta novo modelo de gestão hídrica
Metodologia de monitoramento estende as projeções para 12 meses e define ações graduais para segurança dos mananciais da Grande São Paulo
O Governo do Estado de São Paulo implementou um sistema integrado de acompanhamento e gestão dos recursos hídricos, visando a proteção dos reservatórios e mananciais que compõem o Sistema Integrado Metropolitano (SIM). A nova metodologia tem como finalidade garantir o fornecimento de água para a população e aumentar a resiliência climática da região. O plano foi apresentado nesta sexta-feira, 24.
O sistema organiza a atuação estadual em sete faixas operacionais, estabelecidas de acordo com os volumes armazenados nos reservatórios durante os períodos de chuva e de estiagem. O modelo permite o planejamento de intervenções baseado em projeções que se estendem por 12 meses, considerando volumes de afluência, consumo, e níveis de precipitação. O monitoramento dessas variáveis é realizado de modo contínuo pela SP Águas.
Estrutura do novo protocolo
O aprimoramento na gestão permite o planejamento de ações com base em patamares de segurança estabelecidos. A metodologia está alinhada ao Plano Estadual de Adaptação e Resiliência Climática e ao plano SP Sempre Alerta, adotado em 2023. A articulação envolve a SP Águas, a Defesa Civil e a Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil). A secretária da Semil, Natália Resende, ressaltou que a medida reforça a transparência do sistema e foca o planejamento no futuro, abrangendo os prazos curtos, médios e longos.
As sete faixas de atuação representam estágios crescentes de gravidade e indicam as medidas de contingência a serem adotadas em cada situação. Para a aplicação de restrições, é necessário que os índices permaneçam na mesma faixa por sete dias consecutivos. O retorno ao cenário mais leve só ocorre após 14 dias seguidos na faixa menos rigorosa.
As faixas de 1 a 3 priorizam a prevenção, o uso racional dos recursos e o combate a perdas na distribuição. Atualmente, a capital paulista está enquadrada na Faixa 3, que determina a gestão da demanda noturna por 10 horas e a intensificação de campanhas de conscientização.
Medidas de contingência e investimentos
Os estágios 4, 5 e 6 configuram cenários de contingência controlada, com a ampliação da redução de pressão na rede para 12, 14 e 16 horas, respectivamente. A Faixa 7, considerada o cenário mais severo, pode incluir o rodízio de abastecimento em diferentes áreas.
Thiago Mesquita Nunes, diretor-presidente da Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp), explicou que o rodízio é “uma medida de caráter excepcional e de impacto muito alto. Ele só será considerado quando todas as medidas anteriores se revelarem insuficientes para garantir a preservação dos reservatórios”.
A SP Águas anunciou escassez hídrica nas bacias do Alto Tietê e na porção estadual da bacia do Rio Piracicaba, onde se localiza o Sistema Cantareira. Desde o início de outubro, o Cantareira opera na Faixa de Restrição (Faixa 4). Essa condição levou à redução da captação máxima pela Sabesp de 27 m³/s para 23 m³/s, com o propósito de preservar os volumes nos reservatórios.
Medidas de gestão da demanda já demonstram resultados práticos. A redução da pressão na rede durante a noite resultou em uma economia de 25 bilhões de litros de água desde agosto. Este volume corresponde ao consumo somado das cidades de Santo André, São Bernardo, Diadema e Mauá, ao longo de dois meses.
No âmbito dos investimentos, a Sabesp planeja ampliar a capacidade do SIM em 5,7 mil litros por segundo até 2027. As obras incluem a transferência de água do Rio Itapanhaú e a futura interligação entre os reservatórios Billings e Taiaçupeba. Para o público, a SP Águas lançou um aplicativo e uma página eletrônica que permitem o monitoramento de indicadores hidrológicos, como dados de pluviometria e níveis de reservação, em todos os municípios paulistas.
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