Quase um ano após ser denunciada pela morte do marido Anderson do Carmo, Flordelis finalmente teve o mandato de deputada cassado e foi presa em 2021.

Em junho de 2019, o pastor foi assassinado em Niterói, com mais de 30 tiros na garagem da casa em que morava. Em agosto de 2020, a parlamentar foi denunciada como mandante do crime, por homicídio triplamente qualificado, associação criminosa, falsidade ideológica e uso de documento falso.

Segundo o MP, desde a data do crime, Flordelis atrapalhou as investigações, orientou réus e testemunhas e escondeu e eliminou provas importantes.

A imunidade parlamentar, no entanto, impedia que ela fosse presa preventivamente. A deputada precisava ter o mandato cassado antes de ser presa.

O caso de Flordelis chegou ao Conselho de Ética da Câmara em outubro de 2020, mas, por causa da pandemia, os trabalhos do colegiado só foram retomados em fevereiro de 2021.

Em paralelo a isso, em maio, a juíza do 3º Tribunal do Júri de Niterói, Nearis dos Santos Carvalho Arce, determinou que o caso de Flordelis e outros 10 acusados fosse levado a juri popular.

A defesa da parlamentar recorreu para tentar reverter a decisão, sem sucesso. O pedido seria negado meses depois.

O caso só começou a avançar na Conselho de Ética no início junho. O relator, Alexandre Leite, apresentou seu parecer defendendo que a deputada perdesse o mandato.

“A REPRESENTADA se utiliza de seu cargo para deliberadamente tentar subjugar seus filhos, notadamente SIMONE, LUCAS e MISAEL, utilizando o acesso da mídia que seu cargo lhe proporciona para, de toda forma, transferir a eles sua responsabilidade“, escreveu o deputado.

O relatório foi aprovado por 16 votos a 1. O único parlamentar que se opôs à cassação foi Márcio Labre (PSL-RJ).

Passado o recesso parlamentar, o caso foi levado ao plenário da Câmara, que aprovou a cassação por 437 votos a 7. Dois dias depois, Flordelis foi finalmente presa preventivamente em Niterói.

Na ocasião, a parlamentar cassada divulgou um vídeo nas redes sociais pedindo orações.

“Olá, gente, chegou o dia que ninguém desejaria chegar. Estou indo presa por algo que eu não fiz, por algo que eu não pratiquei. Eu não sei para quê, mas estou indo com força e com a força de vocês. Orem por mim. Orem, orem. Uma corrente de oração na internet. Busquem a Deus, está bom? Um beijo, amo vocês.”

Em novembro, dois dos seus filhos, cúmplices do assassinato de Anderson do Carmo, foram condenados: Flávio dos Santos Rodrigues pegou 33 anos e 6 meses de prisão e Lucas Cézar dos Santos Rodrigues, 7 anos e 6 meses — bem menos porque colaborou com as investigações.