Flordelis: deputada, pastora evangélica e ‘deusa Ísis’
As investigações que concluíram hoje que a deputada Flordelis (PSD-RJ) mandou matar o marido, Anderson do Carmo, foram batizadas de Lucas 12. É uma referência bíblica a um trecho segundo o qual "não há nada escondido que não venha a ser descoberto, ou oculto que não venha a ser conhecido"...
As investigações que concluíram hoje que a deputada Flordelis (PSD-RJ) mandou matar o marido, Anderson do Carmo, foram batizadas de Lucas 12. É uma referência bíblica a um trecho segundo o qual “não há nada escondido que não venha a ser descoberto, ou oculto que não venha a ser conhecido”.
E também uma referência aos mistérios que envolvem a vida da deputada.
Flordelis fez fama como cantora gospel e pastora evangélica. Dona de projetos sociais de assistência a jovens envolvidos com drogas e com o crime, ela começou ainda nos anos 1990 a adotar as crianças e adolescentes que pretendia ajudar.
Em 1994, adotou 37 sobreviventes da Chacina da Candelária, no Rio. Hoje, ela tem 55 filhos, quatro biológicos e 51 adotados – seis dos filhos são acusados de participar do homicídio de Anderson.
E é uma das pastoras mais populares do país, com milhões de seguidores e de fãs de sua obra.
Eleita deputada em 2018, ela chegou à política pelas mãos do senador Arolde de Oliveira, presidente do PSD no Rio e bolsonarista fiel (a produtora dele, MK Music, cuida do canal de YouTube de Flávio Bolsonaro).
Flordelis e Arolde se conheceram em 2009, quando ela contratou a MK Music para fazer a trilha sonora de um filme que ela estava lançando sobre a própria vida.
O filme, segundo as resenhas publicadas na internet, conta a “versão oficial” da vida dela: menina pobre que nasceu e cresceu na favela do Jacarezinho, no Rio, mas venceu na vida através da fé e da ajuda aos necessitados.
Mas as investigações da Polícia Civil do Rio traçam outro perfil da deputada.
Segundo o inquérito, Flordelis mantinha com os filhos biológicos e alguns dos adotivos mais próximos um grupo político com projeto de poder. E Anderson, o líder desse projeto, segundo as investigações, vinha assumindo cada vez mais controle sobre a atuação do grupo.
De acordo com o Ministério Público, ele foi morto porque Flordelis discordava da “gestão financeira” da casa.
Pelo menos duas pessoas disseram, em depoimento à Polícia, que Flordelis fazia rituais sexuais em casa, organizava orgias com o marido e os filhos e frequentava uma casa de swing na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio.
Uma das depoentes, uma empresária de 33 anos, disse ter reconhecido a deputada quando foi a um culto da igreja dela: “Ela frequenta a mesma casa de swing que eu frequento, na Barra”, ela disse à polícia.
Contou também que um dia foi à casa de Flordelis e flagrou a deputada, o marido e alguns filhos “numa algazarra”, todos enrolados em toalhas brancas. Com medo de represálias, a depoente contou que teve de se mudar e chamou a deputada, durante o depoimento, de “psicopata”.
Outro depoente, um técnico em comunicações de 44 anos, disse que morou em uma casa da deputada e trabalhou no imóvel.
Antes de começar o serviço, no entanto, teve de passar por um “ritual de purificação”: ficou uma semana trancado num quarto da casa e recebia visitas dos filhos. Um dia, quem o visitou foi Flordelis. O técnico contou no depoimento ter sentido “um clima mais íntimo” e eles fizeram sexo.
“Aquilo lhe causou um efeito mágico, pois considerava ter feito sexo com um ser divino, porque era assim que ela se definia”, diz o relatório do depoimento divulgado em reportagem do SBT.
Ele disse ter participado de outros rituais, um deles com Anderson e alguns dos filhos do casal. Segundo o depoimento, todos ficaram de mãos dadas em círculo e Anderson ficou nu no centro. Flordelis, então, se declarou a “deusa Ísis” e disse que Anderson era uma oferenda.
Ao SBT, a deputada disse que os depoimentos são mentirosos.
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