Felippe Hermes na Crusoé: A ciência da manipulação econômica
Os 100 dias do governo Milei deixam evidente o baixo nível da mídia brasileira em reportar números além da primeira linha
Na coluna de Felippe Hermes para edição de número 370 da Crusoé, ele escreve sobre os 100 dias de governo de Javier Milei na Argentina e comenta que para a imprensa brasileira, até agora, a gestão do argentino pode ser resumida em 2 números: inflação e pobreza.
Cerca de um século antes de Adam Smith condensar as ideias que o tornariam o “pai da economia”, outro inglês, Sir William Petty, dava início a um campo essencial para os dias atuais: os censos econômicos.
Petty recebeu a tarefa do rei inglês de saber o quão rico eram os irlandeses. Em seu cálculo, três séculos antes de Simon Kuznets desenvolver o cálculo do PIB (a riqueza produzida por um país ao longo de um ano), Petty concluiu que os irlandeses possuíam propriedades avaliadas em £235 milhões.
A renda obtida por essas propriedades, por sua vez, era equivalente a £15 milhões. Considerando que a renda média de um irlandês era de £13,6/ano, Petty concluiu que a riqueza anual gerada pelos irlandeses era de £40 milhões. Subtraído o retorno do capital fixo (terras e outras propriedades), ele concluiu que a renda restante viria do “capital humano”. Na prática, foi um vanguardista. Ou “gênio”, como seria o correto para se referir a alguém tão a frente de seu tempo.
Javier Milei completou 100 dias de governo. Para a mídia brasileira, estes 100 dias podem ser resumidos em 2 números: inflação e pobreza.
Sim. Que Milei não criou nenhum dos 2, até mesmo o mais cínico dos críticos tem ciência.
Mas a questão vai além. A mídia que em dezembro de 2023 alardeava que o preço das fraldas descartáveis subiu 300%, e que a inflação bateria 100% em dezembro (foi de 25%), parece pouco preocupada em entender, que dirá explicar.
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