EXCLUSIVO: "O PACTO É EU NÃO INTERFERIR LÁ E ELES NÃO INTERFERIREM AQUI. MAS EU ENGULO SAPO" EXCLUSIVO: "O PACTO É EU NÃO INTERFERIR LÁ E ELES NÃO INTERFERIREM AQUI. MAS EU ENGULO SAPO"
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EXCLUSIVO: “O PACTO É EU NÃO INTERFERIR LÁ E ELES NÃO INTERFERIREM AQUI. MAS EU ENGULO SAPO”

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Redação O Antagonista
13 minutos de leitura 11.11.2019 16:15 comentários
Brasil

EXCLUSIVO: “O PACTO É EU NÃO INTERFERIR LÁ E ELES NÃO INTERFERIREM AQUI. MAS EU ENGULO SAPO”

Na segunda parte da entrevista exclusiva a O Antagonista (leia AQUI a primeira parte), o presidente Jair Bolsonaro comenta sobre a sabotagem na Polícia Federal que quase derrubou o diretor-geral, Maurício Valeixo - o que provavelmente levaria à saída de Sergio Moro -, e como a situação foi contornada. Ele também explica o "pacto republicano" com o Judiciário e o Legislativo, que muitos interpretam como "acordão". "O pacto é eu não interferir lá e eles não interferem aqui. Se bem que de vez em quando eles interferem no poder Executivo aqui, mas eu engulo o sapo."...

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Redação O Antagonista
13 minutos de leitura 11.11.2019 16:15 comentários 0
EXCLUSIVO: “O PACTO É EU NÃO INTERFERIR LÁ E ELES NÃO INTERFERIREM AQUI. MAS EU ENGULO SAPO”
entrevista Bolsonaro

Na segunda parte da entrevista exclusiva a O Antagonista, o presidente Jair Bolsonaro comenta sobre a sabotagem na Polícia Federal que quase derrubou o diretor-geral, Maurício Valeixo – o que provavelmente levaria à saída de Sergio Moro -, e como a situação foi contornada.

Ele também explica o “pacto republicano” com o Judiciário e o Legislativo, que muitos interpretam como “acordão”.

“O pacto é eu não interferir lá e eles não interferem aqui. Se bem que de vez em quando eles interferem no poder Executivo aqui, mas eu engulo o sapo.”

Leia também a primeira parte da entrevista: Exclusivo: “A Lei de Segurança Nacional está aí para ser usada”.

O Antagonista – Em determinado momento do seu governo, houve ali um desgaste que quase levou à saída do diretor da Polícia Federal. Havia informações de que isso poderia até levar à saída do ministro Moro. Como é que isso foi pacificado? O que aconteceu efetivamente e qual a importância do ministro no seu governo?

Bolsonaro – Houve um exagero por parte da mídia e problemas que acontecem por ocasião da vida normal do poder Executivo. Eu dei carta branca a todos os ministros e tenho poder de veto. Não abro mão disso. Problemas existem em todos os ministérios, sem exceção. Se alguém que foi colocado lá tem visão diferente da minha, então, quando há um impasse, a decisão final é minha. Então, foi mantido o Valeixo, sem problema nenhum, assim como mantive o Marcos Cintra na Receita, até que ele deu mais uma declaração, no tocante à CPMF, e o Paulo Guedes resolveu exonerar. Falou comigo antes, ficou de achar alguém, eu disse que tem que decidir como é que seu ministério vai funcionar, porque eu quero o resultado no final da linha. No tocante à Polícia Federal, a mesma coisa. A Federal é um patrimônio de todos nós, brasileiros. O estado mais complicado é o Rio de Janeiro, para todas as instituições, até para Saúde. A gente busca o melhor e conversa. Então, às vezes uma conversa acabam comentando com quem não devem comentar.

O Antagonista – Surgiu naquele momento aquela história que acabou se revelando falsa, tentando envolver o Hélio Negão…

Bolsonaro – Foi um dos problemas que… o que eu achava naquele momento ali? Eu não quero ninguém do governo para me blindar. Agora, não aceito que órgãos do governo vão para cima de mim para perseguir, não posso admitir. Quando chegou ao meu conhecimento acerca dessa investigação em cima do Hélio Negão, eu chamei a quem de direito, não vou dizer o nome aqui, e falei: “Você tinha que me avisar, mas fui avisado por terceiros”. Então, foi feita uma investigação lá e chegou-se à conclusão de que o Hélio Negão era uma terceira pessoa, que, inclusive, já tinha falecido. Mas essa matéria seria colocada num órgão de imprensa. E eu e o Hélio Negão teríamos que explicar… que meu amigo não era aquele e ele dizer que não era ele. Igual o caso do porteiro. O tempo todo alguém me cobra: “Opa, será que estava em Brasília mesmo?” Faz parte da regra do jogo deles né, não do meu. Então, esse problema a gente buscou solução. Não quero que me blindem, mas não aceito que me persigam.

O Antagonista – O sr. acha que nesse caso do porteiro há uma tentativa de perseguição?

Bolsonaro – Já falei essa coisa do governador… Alguns dias antes da minha viagem para fora do Brasil, nessa última, foi dia 9 de outubro, no Clube Naval de Brasília, não do Rio, em Brasília. Era uma quarta-feira à noite, no aniversário do ministro do TCU. O Witzel apareceu lá, eu tinha chegado primeiro, e disse: ‘Teu caso aí está no Supremo’. ‘Que caso?’ ‘O caso Marielle.’ ‘Que caso Marielle?’, ‘O porteiro falou que foi você’. ‘Que porra é essa…’ Bom, eu fiquei sabendo logo depois, de pessoas bem informadas de fora do governo e a informação que tive é que foi plantado pelo governador que tem acesso ao processo. Que tem o poder de manobrar decisões, o andamento do processo… Aquele tal negócio. A secretária eletrônica já tinham analisado ela, já tinha a memória com as informações, já sabiam que não foi para minha casa a ligação. E também no horário, quando você pega uma quarta-feira, geralmente o parlamentar está em Brasília. Às 17h41 tinha o meu dedo no painel de votação. Meia hora depois. E mais ainda agora, acabei de assistir nessa noite, o depoimento do suspeito de participar da execução da Marielle, que foi interrogado. O Ronie Lessa. Em dado momento, perguntaram para ele se foi ele que recebeu a ligação, se o outro companheiro dele foi na casa dele. Só faltou ele falar que não foi na casa do deputado Jair Bolsonaro. Depois de tudo isso, o chefe do inquérito, o delegado da Polícia Civil bota o meu nome. Agora, o porteiro, o que aconteceu com o porteiro? Ele se equivocou? Ele assinou sem ler? Ou foi induzido, convencido por algo em troca? Eu acho difícil, mas pode ter acontecido, para falar aquilo. E essa história continua repercutindo.

Agora por que a Globo divulgou? Eu vou deixar claro para você. Quando meu avião decolou para o Japão, passadas algumas horas, eu juntei lá tinham cinco parlamentares, mais ministros, juntei o pessoal e falei ó: “Durante a minha viagem, vai acontecer isso. A TV Globo vai falar em primeira mão esse caso da Marielle”. Expliquei tudo para não se apavorarem que estava tudo resolvido da minha parte, mas a Globo ia botar no ar e a Globo botou. E aconteceu no penúltimo dia essa questão. Como é que pode um jornalismo começar dizendo aquilo e diz que eu estava em Brasília. É a mesma coisa eu acusar você de pedofilia, mesmo sabendo que você não estava naquela cidade no dia do crime. Quem não gosta de você vai ficar te massificando…

O Antagonista – O sr. ciente, de que essa história viria à tona, por que o não a divulgou antes, não se antecipou?

Bolsonaro – Não posso fazer isso, negativo. Até porque eu seria acusado de quê? De ter tido acesso ao processo, de antecipadamente falar que foi algo combinado para chegar na TV Globo. Não podia fazer isso.

O Antagonista – Da mesma forma, seguindo esse raciocínio, quando o sr foi informado pelo Witzel, não tomou nenhuma providência?

Bolsonaro – Quando ele me informou, eu fiquei assustado com o que ele falou comigo. Não posso ir para a imprensa. Baseado em quê? A mesma coisa quando estoura um escândalo em Brasília. A gente ouve dizer, mas como vou denunciar, se não tem prova de materialidade nenhuma do que está acontecendo? Não podia tomar providência de uma nuvem que estava no céu.

O Antagonista – Voltando um pouquinho para essa questão da destruição da Lava Jato. O personagem central da libertação do Lula é o ministro Dias Toffoli, que deu voto de Minerva no julgamento da semana passada. O sr. firmou, meses atrás, um pacto republicano, com o Legislativo, com Davi Alcolumbre, Rodrigo Maia, o próprio Dias Toffoli. Muita gente interpretou esse pacto como um acordão. O que, na prática, foi colocado entre vocês? E, ao libertarem um criminoso como Lula, a gente pode dizer que esse pacto foi cancelado?

Bolsonaro – Eu nunca discuti com autoridade nenhuma o futuro do Lula. Nunca em todas minha negociações. O pacto federativo é o que está na Constituição. Eu não interfiro, não falo sobre que o Supremo decide. Nós aprendemos, desde há muito tempo, decisões da Justiça não se discute, se cumpre. A questão do Legislativo eu posso até questionar vetando. Derrubou o veto, não toco mais no assunto. Igual a Lei de Abuso de Autoridade. Vetei tudo aquilo que quatro ministros meus pediram, entre eles o Moro. Outro foi o da AGU, CGU e o Major Jorge. Agora, a maioria dos vetos o Congresso derrubou. A partir desse momento, não tem que falar mais nada. Agora muitos cobram de mim uma posição sobre o que é decidido pelo Supremo. Agora eu te pergunto: vai mudar alguma coisa na votação a minha posição? Por que eu vou criar um foco de atrito, onde 11 ministros decidiram uma questão? No passado, decidiram outras questões também que me deixaram também preocupado. Mas eu publicamente não emiti minha opinião. Não emiti minha opinião quando o Supremo decidiu tipificar como racismo a homofobia. Não vou criar um foco de atrito. Não foi tratado nisso lá atrás. Está subentendido que o que o Supremo decidiu está decidido. Inclusive, está previsto, se eu não morrer, indicar dois ministros para o Supremo Tribunal Federal. E logicamente, você não tenha a menor dúvida, que esse nomes serão bastante questionados quando eu indicar para o Senado e por parte da sociedade como um todo. O pacto é eu não interferir lá e eles não interferem aqui. Se bem que de vez em quando eles interferem no poder Executivo aqui, mas eu engulo o sapo.

O Antagonista – E eles interferem também no Legislativo. Há muita queixa de que o STF legisla…

Bolsonaro –  Da minha parte, esse pacto já está na Constituição. Eu tenho cumprido, por vezes os outros lados, não.

O Antagonista – Parte da interpretação de que esse pacto seria um acordão, veio justamente com algumas decisões polêmicas que prejudicaram, de alguma forma, os avanços institucionais conquistados pela Lava Jato. Então, a decisão do Dias Toffoli no caso do Coaf, que suspendeu justamente o caso que envolve o seu filho Flávio. A aprovação do Abuso de Autoridade, como o senhor mencionou. Tivemos várias outras questões que assustaram o seu eleitor, que é o eleitor que apoia a Lava Jato, o eleitor que apoia o combate à corrupção. Esse eleitor fica frustrado e fica na dúvida se há um acordão. E fica frustrado porque ele espera que o Executivo, que o presidente da República, reaja a isso de alguma forma para manter esses avanços institucionais.

Bolsonaro – Eu expliquei para você o caso do Flávio. As três acusações contra ele. Agora, a lei está à disposição de todos nós. Você não pode, ao ser acusado, ao ser massacrado pela mídia por ser seu filho, simplesmente achar que ele tem que ser condenado. Temos casos conhecidos que a mídia massacrou e a pessoa foi absolvida lá na frente. Todo mundo viu que ela tinha razão, até o Gilmar Mendes tomou a decisão, quando citou o caso Flávio da última vez, o sigilo bancário tem que ser quebrado por ordem judicial. Se não foi quebrado por ordem judicial, o processo está contaminado. E a tendência é o arquivo. E o Gilmar Mendes colocou na decisão dele que o sigilo do Flávio foi quebrado por uma funcionária do MP do Rio de Janeiro via email. Eu te pergunto: só por que é o meu filho não vale? Vale para os outros e não vale para o meu filho. E eu não entro na questão do meu filho. Quem fala por ele é ele e o advogado dele. Eu abro aqui uma exceção para falar para você sobre quebra de sigilo. Tá certo. Ponto final. Acho que não tem que discutir. A lei está aí, mude-se a lei. Ele está lutando por seus direitos.

O Antagonista – O sr. em algum momento foi pressionado? Se se sentiu pressionado, o Judiciário está usando o caso de seu filho para pressioná-lo?

Bolsonaro – Não discuto isso aqui. Meu filho é maior de idade e responde por seus atos. Mas lendo a sentença do Gilmar Mendes, está que lá que o sigilo foi quebrado por email, isso não existe. O Coaf também não pode quebrar sigilo e o Coaf entregou tudo para o MP do Rio de Janeiro. Isso aí qualquer advogado sabe que, à luz da legislação brasileira, o crime que cometeram contra o Flávio

O Antagonista – A questão do Coaf está aguardando julgamento. Enquanto isso, nós temos aí mais de 700 investigações suspensas, de todo tipo, inclusive contra o crime organizado. Isso não é ruim? Não é uma coisa negativa?

Bolsonaro – Não posso discutir porque envolve meu filho. Sou suspeito para falar sobre o assunto. A decisão não cabe ao Poder Executivo. Cabe ao Poder Judiciário e ponto final.

O Antagonista – Ainda no tema, uma das medidas do STF que criou muitos questionamentos foi o inquérito inconstitucional, aberto para supostamente apurar fake news, ofensas a honra de ministros, mas que está sendo utilizado para tudo: suspensão de auditores da Receita Federal, para censurar O Antagonista e a Crusoé, para fazer busca e apreensão em casa de coronel que se manifesta em redes sociais. O seu AGU se manifestou favoravelmente a esse inquérito. O que o sr. tem a dizer?

Bolsonaro – Você acha normal uma pessoa ao longo de 365 dias, alguém da Receita, entrar mais de 200 vezes na sua vida fiscal? Acha justo isso? Eu fui. Então, alguns da Receita, alguns poucos fizeram isso. Não é justo. Por que fizeram isso? Porque eu era candidato e tinha chances de chegar. Eu acho que não fizeram a mesma coisa com o Cabo Daciolo nem com a Marina Silva. Por que fizeram comigo? É justo alguém usar a instituição em causa própria ou para perseguir alguém? Então, sou vítima nesse processo. Encerro por aqui o que tenho a falar para você.

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