Ex-secretário da Receita Federal falta a depoimento na PF
José Tostes Neto é investigado no inquérito que apura suposto uso da Abin para blindar os filhos do então presidente Jair Bolsonaro
O ex-secretário da Receita Federal José Tostes Neto (foto) faltou pela segunda vez, nesta segunda-feira, 29 de julho, a um depoimento marcado pela Polícia Federal. Ele já havia pedido o adiamento da oitiva na última quinta, 25, relata O Globo.
Chefe da Receita durante o governo de Jair Bolsonaro (2019-2022), Tostes está sendo investigado no inquérito que apura o uso da Abin (Agência Brasileira de Investigação) para blindar os filhos de Bolsonaro e monitorar desafetos do ex-presidente.
“Com o não comparecimento, a PF está analisando as medidas cabíveis para realizar o depoimento. Como investigado, ele tem direito ao silêncio e a acessar os autos do inquérito antes de prestar os esclarecimentos”, escreve o jornal carioca.
‘É o caso de conversar com o chefe da Receita’
A PF quer ouvir o ex-secretário da Receita sobre uma menção ao seu nome durante reunião entre Bolsonaro e o então chefe da Abin, Alexandre Ramagem, em agosto de 2020. Hoje deputado federal, Ramagem é candidato do PL à prefeitura do Rio, com o apoio do ex-presidente.
Também participaram da reunião advogadas do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o filho 01. No encontro, as advogadas citaram supostas irregularidades de auditores da Receita ao elaborar um relatório de inteligência fiscal que originou o inquérito das rachadinhas.
O senador era acusado de desviar salários de servidores da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) durante seu mandato como deputado estadual.
Na ocasião, Bolsonaro recomendou que as advogadas de Flávio procurassem Tostes Neto e o chefe do Serpro, o Serviço Federal de Processamento de Dados. “É o caso de conversar com o chefe da Receita”, declarou o então presidente.
Tentativa de anular a investigação
Gravada por Ramagem, a conversa foi identificada pela PF após a apreensão do celular e do computador do deputado, em janeiro deste ano.
No encontro com Bolsonaro e as advogadas, o então chefe da Abin afirmou que “seria necessário a instauração de procedimento administrativo [contra os auditores da Receita] visando anular a investigação, bem como retirar alguns auditores de seus respectivos cargos”.
Ouvido recentemente, Ramagem alegou ter gravado a reunião com o aval de Bolsonaro, para protegê-lo. O ex-presidente e Tostes Neto não se manifestaram sobre o caso.
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