O ministro da Justiça e Segurança Pública , Flávio Dino (foto), negou pedidos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro para ter acesso às imagens da invasão das sedes dos Três Poderes.

Em ofício enviado à comissão mista, Dino alegou que os arquivos fazem parte de investigação criminal em andamento. Segundo a pasta, apenas a Justiça pode compartilhar provas de crimes.

O Ministério afirma ainda que a decisão administrativa tem como objetivo “preservar a autoridade do Poder Judiciário” sobre o “compartilhamento de provas constantes de Inquéritos”. 

Imagens das câmeras de segurança do Palácio do Planalto, disponibilizadas por decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes, mostram o ex-ministro do GSI Gonçalves Dias circulando pela sede do Executivo no dia dos ataques em meio aos manifestantes. O militar não demonstra qualquer iniciativa de conter os manifestantes, que circulam sem serem incomodados pelo Planalto, e acabou exonerado dias após a divulgação das imagens.

A exposição pública das imagens de G. Dias acabou dando o empurrão de que a CPMI precisava para ser instalada. A alegação de que o governo Lula foi conivente com a invasão ganhou força e levou os governistas a decidir encampar sua defesa na comissão.

A disposição do governo definiu não apenas a instalação da CPMI, mas o domínio governista. A presidência da comissão é do deputado Arthur Maia (União-BA), nem aliado nem oponente do governo, e a relatoria ficou com a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), esta sim, totalmente alinhada ao Palácio do Planalto.

Assim, a participação dos parlamentares da oposição ficou relegada à parte final das sessões, que têm ocorrido de uma a duas vezes por semana, a depender da pauta do Congresso. As reuniões voltam nesta semana, após a parada para o recesso parlamentar, com o depoimento de um ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).