“Depois da eleição, se o Lula ganhar, é outra história”
Como registramos mais cedo, o Estadão noticia hoje que o Republicanos, partido da base do governo, não garante mais apoio à reeleição de Jair Bolsonaro. Sobre esse assunto, O Antagonista ouviu cinco parlamentares do partido ligado à Igreja Universal. Todos pediram reserva...
Como registramos mais cedo, o Estadão noticia hoje que o Republicanos, partido da base do governo, não garante mais apoio à reeleição de Jair Bolsonaro. Sobre esse assunto, O Antagonista ouviu cinco parlamentares do partido ligado à Igreja Universal. Todos pediram reserva.
Somente um deles, expoente da bancada evangélica, afirmou ainda acreditar que a sigla caminhará com Bolsonaro “até o fim”. Os demais deixaram claro que há uma divisão interna, diante da queda da popularidade do presidente.
“Existe uma divisão dentro do partido. Não é uma divisão ideológica, mas, sim, porque uns querem apoiar o presidente e outros não. Eu acho que a tendência é realmente ir com o Bolsonaro, mas ainda está em aberto: tem deputado que defende apoio ao Lula, ao Moro, ao Ciro. Vamos ter de analisar o cenário com mais calma até o fim de abril”, disse um deputado.
Um outro deputado afirmou que há “muita descrença” em relação a Bolsonaro.
“Hoje, posso dizer que há muita descrença, porque é um governo sem agenda econômica e sem qualquer perspectiva. Há, ainda, claramente, a percepção de que houve um conjunto de erros cometidos e que continuam sendo cometidos pelo governo.”
A maior resistência ao apoio a Bolsonaro está na bancada do Nordeste, que pressiona para que o deputado Marcos Pereira, presidente do partido, libere seus mandatários nas eleições deste ano, optando pela neutralidade na corrida presidencial. Pereira tem repetido que ainda reunirá a bancada para tratar do assunto.
“O partido é da base do Bolsonaro. Mas ainda vamos precisar aprofundar esse assunto. O viés do nosso partido é de direita. Então, acho que apoio a alguém de esquerda não dá. Pode acontecer uma ‘paquera’ com o Moro e isso ir para frente ou não? Pode. Mas somos base e temos um ministro na Esplanada [João Roma, deputado licenciado do Republicanos, ministro da Cidadania]”, disse um deputado.
Um outro parlamentar, no entanto, não concorda com a conclusão de que o Republicanos “é de direita”.
“Não dá para dizer que é de direita. Temos uma grande maioria que é conservadora, evangélica, isso, sim, dá para dizer. Mas temos deputados até de centro-esquerda. Não se pode generalizar.”
Marcos Pereira tem uma boa relação com Bolsonaro. Também se dá muito bem com a deputada Renata Abreu, presidente do Podemos, partido de Moro. Mas, igualmente, é respeitado na esquerda. Em 2019, Pereira liderou, como vice-presidente da Câmara, uma comitiva de deputados que foi até o STF se manifestar contra uma decisão que transferiria Lula, preso pela Lava Jato, de Curitiba para o presídio de Tremembé (SP). A pressão funcionou e o PT é extremamente grato ao presidente do Republicanos por aquele gesto.
“Na campanha eleitoral, o Republicanos não vai marchar com o Lula. Mas, depois da eleição, se ele [Lula] ganhar, é outra história”, disse um deputado, lembrando que parte da esquerda chegou a apoiar o nome de Marcos Pereira para a sucessão de Rodrigo Maia em 2021, vencida por Arthur Lira.
“Se o Lula ganhar, o Republicanos não será oposição. O partido vai ajudar na governabilidade e na agenda do país. Aliás, se qualquer candidato eleito chamar o Pereira para conversar, ele não vai se negar, ele é de diálogo”, afirmou outro parlamentar.
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